A nova diretoria da Abrava, comandada por Pedro Evangelinos, assumiu oficialmente no dia 26 de junho último, em solenidade, seguida de coquetel, na Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Momentos antes da cerimônia foi organizada uma reunião com alguns veículos da imprensa setorial para a apresentação de planos e metas da nova gestão. Foram escalados para falar pelo colegiado o Presidente eleito, Pedro Evangelinos, o ex-Presidente e atual Presidente Executivo, Arnaldo Basile, Jovelino Vanzin, que assume na condição de Vice-Presidente do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva, e Gilberto Machado, ex-Vice-Presidente e atual Diretor Jurídico, além do economista Guilherme Moreira.

A mais importante inovação da gestão que inicia, com profundo impacto na vida futura da entidade, encontra-se no plano administrativo: a presença da figura do Presidente Executivo, introduzida na última reforma estatutária. “Para um proprietário ou mesmo executivo de empresa é humanamente impossível dedicar-se em tempo integral à vida da associação. Por isso, é necessário um presidente executivo que se dedique à tarefa. Esta foi a condição que eu me impus quando aceitei a candidatura. E o Arnaldo (Basile) se comprometeu em assumir a tarefa inicialmente.”

Assim, a nova diretoria terá a função de elaborar os planos e metas para o período e acompanhar a execução pelo Presidente Executivo, auxiliado pelas várias diretorias e Departamentos Nacionais, bases de sustentação da entidade. “Faço uma analogia com as democracias parlamentaristas, onde existem as figuras de Chefe de Estado e Chefe de Governo, aqui representadas pelo Conselho de Administração, de um lado, e Diretoria Executiva, do outro”, esclarece Basile.

O novo papel desempenhado por Basile dará a agilidade necessária à entidade para cumprir aquele que é o seu foco central: o resultado das empresas associadas. Ou, como diz Evangelinos, “olhar para a última linha do balanço”. Para auxiliar neste trabalho, o Departamento de Economia e Estatística, encabeçado pelo economista Guilherme Moreira, buscará ser a ponte com os setores clientes, trazendo aos associados os planos e projeções das empresas que utilizam produtos e serviços de AVAC-R.

Fazendo um balanço da gestão que encerra, Basile mostrou como foram ampliadas as parcerias nacionais e internacionais com outras entidades e organizações que mantêm afinidade com os negócios abrigados na Abrava. Expôs, ainda, os avanços dos esforços da Associação no sentido de propagar as boas práticas de engenharia como um fator de crescimento dos negócios das empresas, seja através da formação e capacitação da força de trabalho, das articulações institucionais para o estabelecimento de normas e procedimentos, e para a conscientização dos usuários, como têm sido os esforços em torno à disseminação do PMOC, dos instrumentos para a qualidade do ar de interiores e das estratégias para a eficiência energética.

Vale acrescentar a condição singular da Abrava em relação às entidades similares em todo o mundo. A Associação brasileira não só reúne todos os setores – aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração – como engloba toda a cadeia do negócio – projeto, instalação, operação e manutenção, comércio e indústria. Se, por um lado, tal formatação fornece musculatura à entidade, por outro, exige muito mais disposição para a negociação em busca do consenso.

Às tarefas tradicionalmente colocadas para uma instituição com tais características, somam-se outras importadas pelos efeitos da atual conjuntura econômica e social. Com poucas, ou nenhuma, barreiras de entrada, o setor AVAC-R tem sido assolado por uma mão de obra sem qualquer formação na área e destituída do ferramental básico para o exercício da atividade, redundando em instalações que, não raro, oferecem até mesmo risco de vida aos usuários. O que, segundo Gilberto Machado, aumenta a responsabilidade da Abrava enquanto instrumento de capacitação profissional.

Ademais, nos últimos três anos a Abrava avançou como nunca no projeto da real nacionalização. Hoje já são quatro regionais – Bahia, Ceará, Minas Gerais e Pernambuco, além da proliferação de sindicatos estaduais, que demandaram a criação do Comitê, hoje Conselho, Nacional de Climatização e Refrigeração. Neste sentido, a entidade clamava há tempos pela profissionalização.

Em relação à gestão que inicia, Jovelino Vanzin destacou o fato de, pela primeira vez em sua história, a Abrava ser presidida por um presidente de multinacional brasileira. Refere-se ele ao fato da RAC, empresa dirigida por Evangelinos, possuir fábricas no Brasil e na China. Observando os avanços do último período, Vanzin colocou como desdobramento natural o fato do presidente anterior, “que fez uma ótima gestão”, encarnar a profissionalização da entidade.

O atual Vice-Presidente da entidade lembrou, ainda, que a gestão possui dois diretores da Fiesp, ele próprio e Evangelinos, com trânsito e oportunidade para “levar tudo o que tem de bom aqui para a Abrava”. Enfatizou, também, o talento do responsável pelo Departamento de Economia e Estatística da Associação na visualização das tendências na economia para o planejamento das empresas.

Em relação ao futuro do setor, Evangelinos destacou as possibilidades abertas pelo aumento do consumo de proteína animal pela China, que poderá mais do que duplicar as exportações brasileiras de suínos nos próximos anos. Na refrigeração comercial, o Presidente da Abrava lembrou as já históricas oportunidades amparado na situação atual em relação à de outros países, na Europa e na América Latina. “A área de refrigerados nos supermercados brasileiros ocupa 12% do espaço de comercialização, enquanto na Europa chega a 1/3 do total.  Em termos de capacidade per capita, numa comparação interna ao Mercosul, o Brasil ocupa a quarta posição, atrás de Uruguai, Argentina e Paraguai, demonstrando o espaço existente para o setor crescer.”

As observações de Evangelinos deram a senha para o início da apresentação de Guilherme Moreira dos números e potencialidades do AVAC-R brasileiro (veja box). Sempre lembrando que tais projeções dependem do potencial de consumo das famílias brasileiras.

Cerimônia de posse

Em sentido horário: Gilberto Machado, Arnaldo Basile, Pedro Evangelinos e Jovelino Vanzin

Arnaldo Basile abriu seu discurso de balanço lembrando que fechara o último editorial por ele assinado na condição de presidente da entidade com a palavra gratidão, e destacou o apoio da esposa Beatriz e dos filhos Caio e Lucca durante os seus três anos à frente da Abrava. Agradeceu a colaboração dos presidentes de departamentos nacionais, dos vice-presidentes e diretores e dos funcionários da entidade. Emocionado, homenageou Nelson Baptista, coordenador da Febrava, em luta contra um câncer, “que nos orienta, nos dá vigor e nos inspira a fazer sempre o melhor”.

Em pé: Evangelinos, Wadi Neaime e Celso Simões; sentados: Nelson Baptista e João Roberto Minozzo

Lembrando que naquele dia se comemorava pela primeira vez o Dia Internacional da Refrigeração, Basile teceu um breve balanço da sua gestão, apontando iniciativas como o estreitamento dos laços e a formalização de acordos com entidades afins. Destacou as ações para a disseminação da cultura do PMOC, a criação do CNCR, o desenvolvimento de normas e procedimentos para o setor, a abertura de novas regionais e concluiu declarando seu orgulho em pertencer ao setor e à associação que representa, consubstanciado no bordão que ajudou a criar e popularizar: “Ar condicionado é bom e faz bem. E refrigeração é imprescindível.”

Na sequência, Gilberto Machado continuou os agradecimentos a todos que o auxiliaram em missão tão desgastante que é o cuidado com o dia a dia da entidade. Mas sem deixar de externar o quanto tem sido gratificante fazer parte do “grupo gestor da Abrava”.

Jovelino Vanzin iniciou seu discurso lembrando a infância no Rio Grande do Sul. “Sem esquecer do estado onde nasci, talvez hoje eu seja mais paulistano do que gaúcho, cito, na oportunidade, um verso do hino do Rio Grande do Sul: ‘ Mas não basta pra ser livre/Ser forte, aguerrido e bravo/Povo que não tem virtude/Acaba por ser escravo’”.

Falando em nome do Sindratar-SP e do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, Carlos Eduardo Trombini, presidente do sindicato, elogiou a gestão de Basile e saudou o novo presidente da Abrava, desejando sucesso e externando o desejo de estreitar a colaboração mútua.

Pedro Evangelinos em seu discurso de posse

Por fim, Pedro Evangelinos, numa breve e objetiva saudação, lembrou, uma vez mais, que o foco da sua gestão está na “última linha do balanço das empresas”. Seguramente esta é a aspiração de todos os executivos e empresários que estiveram presentes à cerimônia do dia 26 de junho.

Veja também:

Os números, os desafios e as oportunidades do AVAC-R no Brasil

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