Lançado oficialmente em março último, o Comitê de Mulheres da Abrava teve sua ação limitada pela pandemia da Covid-19. Entretanto, avançou em temas cruciais para as mulheres do setor, ampliou seu raio de ação e agregou profissionais talentosas como Joana Canozzi, Paula Souza e Juliana Reinhardt, reforçando o time inicial formado por Priscila Baioco e pela professora Anna Cristina, da Fatec Itaquera.

Buscando uma gestão profissional para o atendimento das demandas de suas representadas, o Comitê decidiu encaminhar uma pesquisa que mostrasse as reais necessidades das profissionais. “Quando fui chamada para a coordenação do subcomitê de empreendedorismo, defendi que deveríamos procurar conhecer qual o nosso público e suas necessidades. Nossa atuação deveria partir de uma avaliação objetiva e profissional”, diz Paula Regina Faria de Souza, da Danfoss.

Todas as participantes do Comitê são profissionais que ganharam relevo no interior das organizações em que trabalham pela sua atuação, não só profissional, mas também pela equidade de gênero. No último mês, foi divulgado o resultado da pesquisa e as respostas que orientarão o trabalho do organismo.

Cerca de 230 mulheres responderam ao questionário, um número significativo que abarcou os vários setores do AVAC-R e as diversas áreas de atuação, tanto de organizações privadas quanto públicas. “Quando lançamos a pesquisa eu me dava satisfeita com uma centena e meia de respostas, o que já daria uma base sólida para ações futuras. Neste sentido, o resultado surpreendeu”, afirma Souza.

A faixa etária da maioria das participantes da enquete situa-se entre os 20 e 29 anos (25,76%), 30 e 39 (38,86%) e 40 e 49 (22,71%). Uma das informações que salta à primeira vista é a alta taxa de escolaridade. 29% das profissionais são engenheiras; sendo que perto de 65% estão entre superior completo (42,36%) e incompleto (12,66%). Mais do que isso, cerca de 36% foram além da graduação, incluindo MBA, mestrado e doutorado. A maioria domina algum idioma, além do português, por óbvio.

Em relação às áreas de atuação, comercial e administrativa dividem-se igualmente em 35% cada uma. Entretanto, engenharia foi apontada como a atuação central de cerca de 30%. Entende-se que uma engenheira pode exercer tarefas relativas à sua formação no comercial ou em áreas de gestão.

Aliás, a ênfase na formação equipara-se ao que se pode perceber no conjunto da sociedade. Cerca de 70% realiza 1 ou 2 cursos de atualização por ano. E quase 9% de 3 a 5 em igual período. O desejo por mais cursos de especialização é visível, sendo que a maioria considera que deveria ter mais opções nas áreas técnica e administrativa, com o intuito de melhorar seu desempenho empreendedor.

Mas há também o outro lado. Das profissionais que responderam à pesquisa, 27 dizem que já foram recusadas por clientes sem “razão aparente”, ou seja, discriminação de gênero. Setenta e quatro apontam remuneração abaixo dos profissionais homens. Quando olham para o interior das suas empresas, 73% dizem que há mais líderes do gênero masculino. E dois terços delas prefeririam trabalhar em algo que gerasse mais satisfação do que a mera compensação financeira. Assim como, 30% não se sentem representadas pelas lideranças masculinas do setor.

Daquelas que tocam o seu próprio negócio, 90% responderam não ter tido nenhum planejamento inicial, seja financeiro ou de avaliação do mercado potencial, por exemplo.

Se os dados apontados pela primeira pesquisa realizada junto às profissionais do AVAC-R mostram, por um lado, uma realidade comum ao conjunto da sociedade, apontam, também, para ações concretas e imediatas para a tão almejada equidade de gênero. O levantamento sobre a situação das profissionais do AVAC-R pode ser acessado pelo site da Abrava (abrava.com.br).

O vídeo da entrevista de Paula Souza, analisando os resultados da pesquisa, pode ser acessado aqui

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