Leonardo Cozac, presidente do Conbrava

O ano que caminha para seu final foi o segundo em que vivemos com as limitações impostas pela pandemia da Covid-19. Os eventos presenciais tiveram que ser abolidos ou realizados segundo normas e protocolos imensamente restritivos. Assim sendo, a realização da 17ª. edição do Congresso Brasileiro de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação, Aquecimento e Tratamento do ar (Conbrava) por si representou uma grande vitória.

A Febrava, evento que sempre abrigou o Conbrava, não conseguiu viabilizar-se, por um lado, devido à insegurança dos expositores e, por outro, por pressões das casas matrizes, em se tratando de multinacionais. Havia, ainda, o receio da própria comunidade do AVAC-R em relação à resiliência do Sars-CoV-2. Mesmo assim, a diretoria da Abrava, entidade que lhe dá sustentação, em conjunto com a Comissão Organizadora, tomou a decisão de realizar o Congresso. O que se mostrou correto.

O acerto da decisão está estampado nos números. Entre os dias 23 e 25 de novembro o Conbrava, que aconteceu no São Paulo Expo, contou com a apresentação de 34 trabalhos científicos, 09 palestras técnico-comerciais, além da participação de 10 convidados especiais. O evento abriu espaço para a inovação, uma vez que foi realizado de forma híbrida, presencial e online.

Realizado sob o tema “Tendências e impactos do AVAC-R na qualidade de vida e segurança das pessoas”, o Conbrava cercou-se de todos os cuidados. Houve uma revisão dos sistemas de climatização do local, incluindo balanceamento da distribuição do ar e PMOC e todas as salas contaram com equipamentos dotados de filtros HEPA para o tratamento do ar de circulação.

Solenidade de abertura

 Já na mesa de abertura o Conbrava mostrava sua representatividade. Estiveram presentes, ou se manifestaram remotamente, representantes das principais entidades do mercado ou com afinidades com o AVAC-R. Pela Abrava, Arnaldo Basile, seu presidente executivo, representou Pedro Evangelinos, presidente do Conselho de Administração da entidade. Arivan Sampaio Zanluca, presidente do Conselho Nacional de Climatização e Refrigeração (CNCR) e do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Florianópolis (SIMMMEF), também marcou presença. Representando Joel Krüger, presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), esteve o conselheiro Carlos Laet. Além desses, também estiveram compondo a mesa Carlos Eduardo Trombini, Juliana Pellegrini, presidente do Chapter Brasil da Ashrae, Patrícia Faga Iglecias, diretora-presidente da Cetesb, e Leonardo Cozac, presidente do 17º. Conbrava e diretor do Plano Nacional de Qualidade do Ar Interno (PNQAI) e diretor de operações da Abrava. Enviaram mensagens em vídeo, Maria Odete Magalhães de Almeida, presidente da Faiar, Stephen Yurek, presidente da AHRI, e Mick Schwedler, presidente da Ashrae.

Mesa redonda da qualidade do ar interno

Arnaldo Basile abriu os discursos do dia lembrando o árduo trabalho realizado pela organização do evento para que o mesmo pudesse ser realizado, apesar de todas as dificuldades impostas pela pandemia. Após as manifestações de Marco Aurélio Candia, presidente da Fenemi, que participou via online, falaram Trombini, Zanluca, Pellegrini, e Laet foi a vez de Iglecias lembrar da longa parceria, desde 1998, entre a agência estadual e a Abrava. Em 2019, segundo ela, a sinergia consolidou-se ainda mais, com a entidade sendo a primeira a aderir ao acordo ambiental lançado naquele ano, nos moldes do acordo de Paris. “Em 2019, fechamos com 55 adesões e hoje chegamos a 1.347. Por isso, estamos aqui para reforçar a importância deste setor para o sucesso desta iniciativa”, frisou. Fechando os pronunciamentos, o presidente do 17° Conbrava, Leonardo Cozac, agradeceu a todos em nome da comissão organizadora do evento, declarando aberto o Congresso.

Patrícia Iglecias, diretora-presidente da Cetesb

Mesas-redondas

Embora a qualidade dos trabalhos técnicos e das diversas palestras sejam a marca do Conbrava, são as mesas-redondas que sintetizam as discussões, demarcam as tendências e apontam para o futuro. Em cada uma delas são extraídas conclusões que permanecerão enquanto legados do evento. Como nas demais edições do Congresso, foram realizadas as mesas-redondas de Qualidade do Ar Interno, Eficiência Energética, Fluídos Refrigerantes e de Tratamento de Águas, que fez sua estreia na presente edição.

Qualidade do Ar Interno

Baseada na situação dos ambientes internos no contexto da Covid-19, teve sua atenção direcionada para a monitoração de grandezas em ambientes interiores com registro contínuo e discutiu aspectos da interpretação destas informações. A conclusão foi a de que a mitigação dos riscos para as pessoas nestes ambientes é o principal objetivo a ser atingido. Para tanto deve-se atentar para a monitoração de parâmetros relacionados com a QAI, com destaque para os seguintes fundamentos:

– Revisão histórica de doenças transmissíveis pelo ar, aspectos da ventilação relacionados e eventos já ocorridos no passado.

– Implementar as ações dos estudos que entendam e modelem os movimentos de partículas em suspensão no ar, considerando a correlação entre partículas de diferentes tamanhos com os processos infecção de pessoas.

– Valorizar a integração entre as áreas da saúde e da tecnologia/engenharia para que os resultados dos avanços a favor das pessoas sejam mais acessíveis para todas as camadas da sociedade e ocorram de modo mais rápido e eficaz.

– Avaliar os ambientes em períodos estendidos, que são mais significativos que “picos” de valores medidos pontualmente, é de suma importância.

– Da mesma maneira, é importante que os sistemas de monitoração estabeleçam comunicação com os ocupantes e ofereçam resultados representativos por períodos amplos no tempo, para melhor informar e trazer conhecimento para as pessoas.

– Promover a interação entre a área médica e a área técnica do AVAC-R, questionando quais são as ações que devem ser desenvolvidas para que novos avanços possam ser efetivados, trazendo os benefícios da QAI para todos na sociedade.

A mesa-redonda de QAI teve a coordenação do professor Antonio Luís de Campos Mariani, da Poli-USP, Celso Simões Alexandre, da Trox Latinoamérica, Francisco Pimenta, diretor da Abrava-MG e presidente do DNPC da Abrava. Foram painelistas: Adelia Marçal Santos e Arthur Sequeira Aikawa.

Eficiência Energética

Coordenada pelo engenheiro Jose Carlos Felamingo e pelo professor Enio Bandarra, da Universidade Federal de Uberlândia, deixa como legados:

– Maior atenção na fase de projeto orientando a introdução, sempre que possível, de ações passivas, sejam ela de caráter arquitetônico ou de barreiras térmicas que impeçam a entrada de calor no ambiente condicionado ou refrigerado.

– Melhor orientação para operadores das instalações de médio e grande porte, possibilitando que todos os detalhes pensados no projeto sejam devidamente compreendidos pelos operadores, certificando-se que a eficiência prevista do sistema seja auferida e mantida durante o caminhar da vida útil da instalação.

– Atentar para os detalhes construtivos dos equipamentos de forma que a sua manutenção reflita as condições previstas pelo fabricante.

– Na linha leve de equipamentos de condicionamento de ar, como splits, sejam observadas as regras e normas adequadas para sua instalação, obtendo assim a eficiência prevista pelo fabricante e dentro, logicamente, das condições de operação e uso.

– Utilização de calor residual como fonte direta de energia para sistemas de climatização e refrigeração.

– Recuperação do calor de condensação do ciclo de refrigeração para aquecimento de água doméstica e industrial, ou outro fim útil.

Tratamento de águas

 Com coordenação de Charles Domingues, presidente do Departamento Nacional de Tratamento de Águas (DNTA) da Abrava, tendo como vice coordenador o professor Alberto Hernandez Neto, da Poli-USP, foi composta por representantes do setor de fiscalização ambiental, clientes, consultores e o meio acadêmico. Os membros da mesa redonda ressaltaram diversos aspectos relacionados ao tratamento de água, com ênfase em soluções integrada, partindo das origens da água utilizada (reuso, rios, lagos, poços, etc.), a heterogeneidade da demanda do sistema, bem como a confiabilidade dos parceiros a serem escolhidos para a definição e implantação do programa de tratamento de águas. Foi ressaltado que o tratamento de água está incluído nas normas e orientações técnicas associadas ao PMOC e os impactos da sua falta ou deficiências na eficiência energética dos sistemas de climatização e refrigeração. Foi levantado uma maior necessidade da fiscalização por parte dos órgãos governamentais bem como a discussão da elaboração de padrões de água no Brasil.

Mesa redonda do tratamento de águas no AVAC-R

Fluidos refrigerantes

Coordenada pelo Prof Roberto Peixoto, do Instituto Mauá, e por Celina Bacellar, da Johnson Controls, a mesa redonda teve a participação de Kamyla Borges Cunha, coordenadora da Iniciativa de Eficiência Energética do Instituto Clima e Sociedade; Renan Scudeiro, consultor de negócios do Colder (Ultragaz); Oswaldo Siqueira de Bueno; Arthur Ngai, gerente de marketing da Chemours; e de Thiago Pietrobon, presidente da Câmara Ambiental de Refrigeração e Ar Condicionado da Abrava. Principais pontos apresentados e discutidos:

– A eliminação gradual do HFC, baixo a orientação da Emenda Kigali, bem como os regulamentos regionais e nacionais, está levando a indústria a usar refrigerantes com baixo GWP.

– Com a Emenda de Kigali o cenário está definido e, desta forma, o desenvolvimento de fluidos refrigerantes de baixo GWP e de equipamentos para uso desses refrigerantes e sua comercialização ganha impulso.

– Foi enfatizada a necessidade urgente de ratificação da Emenda pelo Brasil. A demora gera insegurança para o mercado e limita o acesso a recursos do fundo multilateral, postergando uma transição tecnológica. Os recursos poderiam, ainda, ser usados para capacitação e treinamento

–  Existem alternativas para substituição de refrigerantes com alto GWP e novos refrigerantes com baixo GWP foram propostos, o que cria um desafio para encontrar o melhor refrigerante para cada aplicação.

– Refrigerantes com baixo impacto direto nas mudanças climáticas são frequentemente inflamáveis e podem ter maior toxicidade. Discutiram-se os riscos de utilização desses refrigerantes. Os participantes da mesa consideraram que para manter os atuais níveis de segurança, novas tecnologias estão sendo desenvolvidas e que será necessário um nível maior de treinamento para o uso de novos fluidos refrigerantes de baixo GWP, envolvendo a adequada instalação e manutenção dos sistemas.

– Os HFOs deverão ter disponibilidade crescente nos próximos anos.

– Reciclagem, logística reversa e embalagens foram temas de perguntas e esclarecimentos.

Da redação, com a colaboração da Momento Comunicação

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