Em um sistema de climatização as disciplinas de elétrica e automação, além de serem irmãs univitelinas, devem, nos quesitos técnicos atenderem em nível de projeto, fabricação e instalação duas Normas da ABNT: a NBR 5410 – Instalações em Baixa Tensão, e a NBR IEC 61.439 – Partes 1, 2 e 3. Para os quesitos de economia e eficiência energética existe o Manual Nº 22 da REHVA – Manual de Introdução a Automação, Controle e Gestão Técnica de Edifícios para o AVAC-R.

Um projeto de climatização de ambientes internos sem o adequado estudo das necessidades e exigências do ambiente, até em um nível mais específico (Salas Limpas), com certeza acarretara não só em um comprometimento da qualidade do ar interior, bem como infringirá algumas das Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Previdência que passaram a vigorar a partir de 3 de janeiro do presente ano.

Motivado por toda esta nova dinâmica criada pela pandemia da Covid-19, o DNAE – Departamento Nacional de Automação e Elétrica da Abrava, vem nos últimos dois anos desenvolvendo um trabalho intenso e profundo para esclarecer não só o próprio setor do AVAC-R, bem como o chamado Setor Cliente, que um sistema de automação e elétrica bem projetado, utilizando produtos e soluções de categoria A, que podemos definir como Solução Eficaz.

Esta definição de Eficaz é o que as novas diretrizes, orientações e padronizações no AVAC-R, difundidas pela Ashrae e pela REHVA, com base nos conhecimentos já adquiridos sobre a Covid-19, estabelecem que todo sistema de climatização de ambientes interiores deve necessariamente possuir uma solução na disciplina de automação e elétrica em que a curva de eficiência energética e qualidade do ar interior garanta o máximo ponto de convergência possível, isto é, eficaz.

No início de 2021 tanto a Ashrae, como mais efetivamente a REHVA, editaram boletins técnicos orientativos para, no caso da automação do AVAC-R, serem eficazes no controle e manutenção da Qualidade do Ar em qualquer ambiente climatizado ou mesmo refrigerado. No caso mais específico da REHVA, foi feita uma revisão em 2020 do seu Manual de Nº 22, orientando aos projetos de automação e gestão de edifícios incluírem obrigatoriamente equipamentos, sensores e transmissores que meçam, analisem e informem a Qualidade do Ar Interior e os chamados VOCs, além dos já conhecidos sensores de CO2.

O Brasil, como o mundo todo, não está nem estará isento de crises hídricas, o que a acentua é que nosso sistema de geração de energia ainda é de forma majoritária hídrica e, quando de uma crise hídrica, advém a crise energética, acarretando não só em racionamento no uso da água, mas também no uso da energia elétrica.

A Comunidade Europeia, com a obrigatoriedade de os países membros realizarem a adequação de todo e qualquer sistema de climatização e refrigeração à Norma EM-15.232, que deverá ser totalmente atendida em 2022, já vem demonstrando uma redução média da ordem de 47% no uso anterior da energia elétrica com picos em alguns países como Suíça, Dinamarca, Holanda e regiões da Alemanha e Áustria de 58%, sem comprometimento algum da Qualidade do Ar Interior.

Portanto a Abrava, através do Comitê de Eficiência Energética e do DNAE, vem divulgando os trabalhos da comunidade europeia e informando que poderíamos mitigar em muito a questão de nossa crise energética por motivo da crise hídrica se o Governo realizasse um programa de incentivo a todos os grandes usuários de energia elétrica para realizarem a devida adequação dos seus sistemas de gestão de edifícios, com o viés conjunto Qualidade x Eficiência.

Itens importantes para um sistema de gestão eficaz de edifícios são as válvulas de controle e balanceamento hidrônico independente do controle de vazão e válvulas com sistema próprio de gerenciamento e medição de consumo efetivo de sistemas de climatização e refrigeração. Importantes, também, são os hardwares para gestão e monitoramento, os chamados controladores DDC, com desempenho e integração natural a todo e qualquer periférico (válvulas, sensores e transmissores.

A forma mais eficiente e econômica, portanto, mais eficaz, para a diminuição da emissão dos gases de efeito estufa é a implantação e/ou adequação de um sistema de gestão técnica de edifícios. Baseado neste postulado a Universidade de Zurique, na Suíça, desenvolveu um trabalho recomendando que cada cidadão no mundo consumisse no máximo 2.000 Watts/hora por mês, sem prejuízo do conforto e bem-estar do cidadão.

Isto foi demonstrado em experiência prática em uma pequena cidade na Suíça, onde nos edifícios públicos foram instalados os sistemas de gerenciamento técnico de controle no consumo energético do edifício. Ainda, no ano de 1998 três edifícios públicos em Zurique tiveram a instalação e implantação de um sistema de automação BMS, alcançando o consumo per capta de 2.000Watts/hora sem qualquer prejuízo na qualidade de conforto ambiental. Toda esta informação está disponível na Abrava e no DNAE-Abrava.

Paulo Américo Reis é presidente do DNAE-Abrava e Diretor Técnico-comercial da VL Sauter

 

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