Ambos os sistemas podem atender às necessidades de renovação do ar; a manutenção dos VRF, devido a sua multiplicidade de unidades terminais, é um pouco mais complexa

A necessidade de renovação do ar sempre foi um elemento de comparação entre ambos os sistemas, VRF e água gelada. A pandemia provocada pelo Sars-CoV-2 elevou o nível de questionamento sobre a real capacidade da expansão direta dar uma resposta efetiva à questão. No entanto, também nesse aspecto parece que o VRF não se sai mal. “Os dois sistemas poderão atender as necessidades de renovação do ar, pois hoje temos opções similares de unidades terminais com expansão direta ou indireta”, afirma Gustavo Hoffmann, da Engenharia de Aplicação da Midea Carrier.

“Ambos os sistemas podem lidar com renovação de ar. Tendo em vista que as unidades tipo fancoil para sistemas de água gelada podem possuir opções de serpentinas mais robustas, podem ser considerados mais versáteis e flexíveis para o tratamento de ar”, pondera André Peixoto, Senior Portfolio Manager Latin America da Trane.

“De fato, sistemas de expansão indireta saem na frente neste sentido uma vez que as unidades terminais, em sua maioria, já vêm preparadas para instalações onde o ar externo não só é disponível como já vem tratado. No caso do VRF, ainda que existam acessos para a conexão de tomadas de ar externo, esse nem sempre é tratado como demanda a NBR (16.401 – NE)”, sentencia Allan Denis Bischoff, Gerente de Aplicação e pós-vendas CAC da Gree.

Operação e manutenção

Também em relação à operação e manutenção, existem diferenças entre ambos os sistemas. Sem dúvida, nada que venha a alterar a especificação de um ou do outro. “A manutenção acaba sendo bastante diferente. Os sistemas de VRF possuem vários módulos diferentes e possuem muita eletrônica embarcada. Já os sistemas de água gelada são, geralmente, mais centralizados e possuem um trato mecânico mais pesado”, explica Hoffmann.

Luciano de Almeida Marcato, Gerente Nacional de Vendas da Daikin avança algumas definições: “De forma simplificada, a manutenção de um sistema de água gelada é mais centralizada, por contar com sistema de distribuição de ar em casas de máquinas; os sistemas VRV, com diversas unidades ambientes (Hi Wall e cassette) e, também, unidades dutadas e UTAs, têm a manutenção mais custosa e demorada. Em geral um cliente pode optar, dependendo do tipo de sistema, em contratar empresa de manutenção para PMOC, limpezas de dutos, AHUs ou VRVs e manter chiller e sistemas de controle sob contrato ou supervisão dos fabricantes, já que estes sistemas são mais complexos e demandam mão de obra altamente qualificada e treinada.”

“Em geral, sistemas VRF são mais simples de instalar e manter, porém, assim como é para sistemas de água gelada, os profissionais devem ser especializados. Tendo em vista que as unidades evaporadoras para sistemas VRF e as unidades tipo air handler, fancoil ou fancolete para sistemas de água gelada possuem basicamente a mesma estrutura, não há diferenças significativas quando tratamos de manutenção em unidades terminais”, opina Peixoto.

Considerando a complexidade do assunto, Bischoff entende que o fator comum em ambos os sistemas é, também, a capacitação profissional. “Quando se coloca profissionais treinados e capacitados em cada um dos tipos de sistemas o resultado é muito similar, embora o VRF, por já contemplar um sistema de automação fechado no coração do seu conceito, torna a operação e manutenção mais simples, eliminando diversos periféricos e integrações que são necessários em sistemas de água gelada.”

A vida útil é algo que também distingue os dois sistemas. “Observando boas práticas de manutenção e instalação, sistemas de expansão direta como o VRF normalmente possuem uma vida útil aproximada de 15 anos. Já sistemas de água gelada, atendendo as mesmas práticas, possuem vida útil estimada em 25 anos”, esclarece Hoffmann.

Marcato adianta o esclarecimento. “Em geral sistemas com condensação a água têm maior vida útil se comparados aos sistemas com condensação ar, sejam VRV, chillers ou mesmo self contained. Especificamente é muito difícil indicar se um sistema de expansão direta ou indireta terá maior vida útil, pois, ela depende diretamente das condições do local da instalação, do regime de operação e de qual nível de manutenção preventiva e corretiva os sistemas estão recebendo. Mesmo entre fabricantes existem diferenças de qualidade e nível de confiabilidade que afetam a vida útil, e tais fatores independem do tipo de sistema, mas sim de critérios de projeto, construção e engenharia que são a base daquele equipamento.”

“Importante fazer a ressalva de que a comparação, no que tange a vida útil, entre o VRF e chiller, deve ser feita sob a ótica de equipamentos com condensação à ar. Com isso, vemos os dois sistemas em pé de igualdade, tanto os chillers, quanto os VRFs, podem ter a sua vida útil chegando aos 20 anos de uso. No passado existia a dúvida de se o VRF realmente chegaria à essa longevidade, dúvida essa que já não existe mais frente a diversos sistemas com essa idade em perfeito estado de funcionamento”, conclui Bischoff.

Veja também:

A importância de delimitar o espaço de cada um dos sistemas

Algumas considerações sobre o crescimento do VRF no mercado

É preciso atenção na especificação das torres

Sistema VRF: aplicações, vantagens e desvantagens

Projetos devem seguir as normativas NBR e IIAR

Sistema VRF: aplicações, vantagens e desvantagens

Tags:, ,

[fbcomments]