Os hidrocarbonetos pertencem ao grupo dos refrigerantes naturais e possuem ODP (Ozone Depletion Potential/Potencial de Destruição da Camada de Ozônio) zero e GWP (Global Warming Potential/Potencial de Aquecimento Global) desprezível. Como é sabido, os hidrocarbonetos são subprodutos da indústria petroquímica e suas propriedades de refrigeração, pressões, taxas de pressão e temperaturas de descarga, são bastante semelhantes em muitos aspectos aos HFCs e HFOs.

No tocante aos riscos associados ao uso de fluidos refrigerantes naturais em equipamentos de refrigeração e ar-condicionado, estes podem incluir toxicidade, inflamabilidade, asfixia e perigos físicos. Embora os fluidos refrigerantes possam representar um ou mais desses riscos, o projeto do sistema, os controles de engenharia e outras técnicas mitigam esses riscos para o uso de refrigerantes em vários tipos de equipamentos e segmentos.

Por sua vez, um refrigerante chamado “ideal”, além de ter as propriedades termodinâmicas desejadas, deveria possuir características como: não tóxico, não inflamável, completamente estável dentro de um sistema ambientalmente amigável, mesmo em relação aos produtos de decomposição e abundantemente disponível ou fácil de fabricar. Ele também seria compatível com outros materiais utilizados ​​na fabricação e manutenção de sistemas de refrigeração, fácil de manusear e detectar, e com baixo custo. Ainda, não exigiria pressões extremas, altas ou baixas. Contudo, a probabilidade de a indústria desenvolver um refrigerante “ideal-perfeito” ainda é baixa. No entanto, os fabricantes se esforçam para atingir o maior número possível de propriedades ideais. Dentre os fluidos refrigerantes naturais utilizados pela Mayekawa do Brasil em aplicações de refrigeração, podemos destacar a seguinte escala referente ao grau de inflamabilidade, mencionada na tabela.

 Risco real dos hidrocarbonetos

Existem muitos refrigerantes inflamáveis e essa característica varia amplamente, de acordo com cada composição. No entanto, existem outras características, como energia de ignição mínima, calor de combustão e velocidade de queima, que impactam na facilidade com que tal substância pode ser inflamada, além da gravidade e de suas consequências após a ignição. O maior risco é quanto a vazamentos e a possível formação de uma atmosfera inflamável.  Neste caso, o grande desafio é manter os equipamentos livres de fugas indesejadas de refrigerante, mas utilizando-se das normas de construção de equipamentos, que devem ser consideradas tanto no projeto elétrico quanto no projeto mecânico, aliadas ao correto treinamento e capacitação dos operadores para o manuseio adequado em situações de manutenção preventiva e corretiva das máquinas, pois agrega e garante com eficiência e segurança condições seguras e similares a qualquer outro sistema com fluido refrigerante sintético convencional. Esta premissa já é adotada pela Mayekawa do Brasil desde o princípio de nossas operações no Brasil, há 53 anos.

As questões de segurança precisam ser cuidadosamente avaliadas e consideradas em todas as fases de operação do sistema. No entanto, especificamente durante a manutenção há casos em que técnicos que não estão familiarizados terão que lidar com estes refrigerantes. Portanto, é importante que a indústria de refrigeração e ar-condicionado desenvolva modelos e diretrizes para o treinamento e capacitação dos técnicos do segmento. Ou seja: realizar a fabricação dos equipamentos conforme as normas recomendadas, executar a instalação obedecendo as recomendações de segurança, utilizar ferramentas compatíveis com os fluídos refrigerantes inflamáveis e treinamento para o manuseio adequado.

No caso dos equipamentos destinados a aplicações industriais, também existe a preparação da área de entorno do equipamento, com afastamento recomendado das áreas que possam oferecer riscos, como curtos-circuitos e chamas abertas, sistemas de ventilação ou exaustão adequados e sensores para detecção de fuga de fluido refrigerante.

Descrevemos abaixo uma lista dos principais pontos a serem observados:

– Limitar o volume de refrigerante a uma quantidade que seja improvável que ele entre em ignição, ou seja, projetando o sistema e componentes para baixas cargas de refrigerante;

– Não instalar equipamentos em locais vulneráveis, onde haja um excesso potencial de fontes de ignição;

– Uso de sistemas de detecção de gás e sistemas de ventilação para auxiliar na dispersão de qualquer vazamento de refrigerante;

– Colocar ao alcance dos colaboradores e demais usuários do local os avisos necessários para garantir que os técnicos estejam cientes do risco, como adesivos de gás inflamável perto de pontos de carregamento, incluindo as informações necessárias nas documentações relacionadas à inflamabilidade na instalação e operação.

 Cuidados nas instalações com R744

No caso do R744, destacamos especial atenção aos materiais de construção do equipamento e às ferramentas utilizadas na manutenção, que devem ser compatíveis com a classe de pressão,  já que este refrigerante trabalha com pressões bem superiores aos fluidos refrigerantes sintéticos e hidrocarbonetos. Outra recomendações de segurança importante é que o equipamento seja instalado num local em que o seu volume de refrigerante não possa ultrapassar uma concentração no volume útil do local, de modo a gerar atmosfera asfixiante. Além disso, devem-se providenciar sistemas de exaustão, de detecção e de alarme, de modo que as pessoas não permaneçam enclausuradas neste ambiente durante longos períodos.

No caso dos hidrocarbonetos destacamos, ainda, utilizar equipamentos que tenham certificados de teste e estejam aptos a funcionar com essas substâncias e em atmosfera potencialmente inflamável, onde não possam se tornar fontes de ignição e que atendam as classes de pressão nos circuitos dos refrigerantes.

Considerações adicionais

Ressaltamos que os riscos de segurança ocupacional não são uma preocupação somente para os fluidos refrigerantes naturais, pois, embora a toxicidade dos refrigerantes sintéticos fluoro carbonados seja baixa, existe a possibilidade de ferimentos ou morte em situações incomuns ou se eles forem utilizados ​​ deliberadamente de forma inadequada. Os vapores dos refrigerantes fluoro carbonados são várias vezes mais pesados ​​que o ar. Novamente, uma boa ventilação deve ser fornecida em áreas em que altas concentrações de vapores pesados ​​podem se acumular e excluir o oxigênio, em casos extremos, causando asfixia fatal. A inalação de vapor refrigerante concentrado também é considerada de alto risco. A exposição de fluoro carbonos acima dos níveis de exposição recomendados pode resultar em perda de concentração e sonolência. O contato com a pele ou os olhos, por sua vez, pode resultar em irritação e queimadura de frio.

Jairo Araújo, engenharia da Mayekawa do Brasil

 

 

 

 

 

 

 

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