Além da correta instalação, é fundamental manter as manutenções periódicas em sistemas VRF, sempre realizadas por empresas credenciadas pelo fabricante
Vida útil do equipamento
Para aumentar a vida útil de um VRF, é necessário que seja contratada uma empresa especializada para fazer a instalação e a manutenção periódica (PMOC) no sistema em questão. Muitos relatos de ocorrência vêm em função de uma instalação incorreta e por falta de manutenção apropriada ao equipamento. Um dos grandes desafios dos projetos é um local apropriado para a instalação das unidades externas (Unidade Condensadora).Para resolver esta demanda, desenvolvemos uma tecnologia com descarga horizontal que ocupa até 46% a menos de área de piso em relação às unidades com descarga vertical, podendo ser instalada dentro de casas de máquinas.
Condensação a água ou ar?
Os sistemas com condensação a água são mais utilizados em projetos que possuem uma deficiência de local para instalação das unidades externas ou em locais onde possuem alta resistência a corrosão. O calor rejeitado do módulo condensador desse tipo de sistema é feito através de torres de arrefecimento. Para sistemas que operam com água gelada, há a necessidade de ter bombas de processo (BAG) e bombas de água de condensação (BAC), devendo ser criado um sistema de automação para controle dos equipamentos. Para sistemas com tecnologia VRF, serão necessários ter a torre de resfriamento e bomba de arrefecimento, já que neste tipo de sistema a automação já é embarcada na tecnologia, não tendo custos adicionais. Uma das desvantagens do sistema com condensação a água é a evaporação e o tratamento químico. O Brasil, por ser um país tropical, possui locais com altas temperaturas e baixas umidades, favorecendo uma alta evaporação. A tarifa de água pode variar significativamente dependendo da região, do município e da concessionária responsável pelo fornecimento, tornando-se um sistema caro para ser operado. O tratamento químico, conforme mencionado, é para garantir as propriedades da água e combater bactérias como legionella, sendo uma demanda necessária por todo o tempo em que o equipamento estiver operando.
Os sistemas com condensação ar são mais empregados em função da facilidade de instalação e da ampla faixa de capacidade. Em função da tecnologia VRF, existem diversas aplicações para o seu uso, devendo sempre ser seguida a literatura técnica dos fabricantes quanto ao local para instalação, procedimentos durante a solda e cuidados após startup dos equipamentos. A receita para fornecer sistemas eficientes é composta por três critérios: Um sistema bem projetado, bem instalado e bem mantido, por isso a manutenção é fundamental para manter o bom funcionamento e durabilidade do produto. Quando se aborda o tema sustentabilidade, o VRF com condensação a ar se destaca, pois trata-se de uma tecnologia de alta eficiência energética, que atende grandes edificações com baixa carga de fluído refrigerante. O aquecimento global causa o aumento gradual da temperatura média da Terra, onde um dos principais fatores é a emissão dos gases de efeito estufa CO2 (dióxido de carbono). Os sistemas VRF já estão preparados para operar de forma eficiente em função dessas grandes variações bruscas de temperatura externa, oferecendo ao cliente um baixo consumo de energia.
Qualidade do ar interno
A qualidade do ar interior (QAI) é essencial para a saúde e bem-estar das pessoas que passam grande parte do tempo em ambientes fechados, como escolas, hospitais, escritórios e residências. Visando manter uma boa qualidade do ar, é imprescindível que exista um sistema com boa ventilação, reduzindo a concentração de CO2, ter um sistema com umidade controlada em torno de 30% a 50%, para evitar crescimento microbiano, e ter um ar filtrado livre de poeira ou vírus/bactéria. Atualmente, têm sido utilizados equipamentos com grau de filtragem fina e/ou absoluta, lâmpadas UV e equipamentos que fazem o tratamento do ar exterior para fornecer um ar puro sem contaminantes ao usuário. Todas essas medidas podem e devem ser empregadas em todos os tipos de projetos.
Unidades de tratamento do ar externo
Além da melhora na qualidade do ar interior, reduzindo os contaminantes presentes no ar, a renovação tratada traz reduções no consumo de energia, por insuflar o ar em uma condição psicrométrica próxima à condição de operação do ambiente. Atualmente, temos software e literatura técnica para auxiliar no selecionamento desses equipamentos de acordo com as mais diversas condições exteriores. Os equipamentos com tecnologia VRF suportam variações bruscas de pressão e temperatura, por isso, para equipamentos do tipo UTAE, somente são utilizados UTAE. É importante para o cliente que o fabricante tenha única responsabilidade sobre a solução aplicada, ou seja, faça a fabricação total dos módulos evaporadores e condensadores.
Filtragem do ar
Com o avanço da pandemia da Covid em 2020, foi revisada a norma NBR 7256 para ambientes hospitalares, tornando-a mais rígida quanto à utilização de filtros Grosso (G4) e Fino (F8) em 90% das aplicações. Visando atender a esta aplicação temos uma linha de equipamentos chamada Clinic, em que o equipamento já sai de fábrica com ventilador limitload e é possível adicionar à solução filtros grosso/fino/médio/absoluto, lâmpada UV, Ionizadores e outros periféricos que mantém uma boa qualidade do ar para atender com excelência essas aplicações.
Concentração de fluidos refrigerantes
Tudo começa por uma boa instalação.No catálogo dos fabricantes constam as informações para realizar a instalação como: bitola a ser empregada, espessura da parede do tubo de cobre, procedimento para solda com fluxo de nitrogênio, teste de pressão no sistema e mais procedimentos que vão influenciar na manutençãodo bom funcionamento do sistema. Além dos procedimentos informados, é de extrema importância que o cliente adquira materiais de boa qualidade que suportem as pressões de trabalho do fluido refrigerante empregado no sistema. Recomendamos sempre que sejam contratadas empresas credenciadas que possuem know-how de como instalar equipamentos com tecnologia VRF. A manutenção e o PMOC é essencial para o monitoramento e verificação da operação do sistema para verificar se há algum ponto de vazamento na instalação. Atualmente os VRF são balanceados de acordo com o parâmetro TDSH (Temperatura de superaquecimento), que monitora se o equipamento está operando de forma satisfatória ou não.
Recomendações para prolongar a vida útil
Um equipamento bem projeto, bem instalado e bem mantido possui uma longa vida útil. Atualmente temos softwares de seleção de VRF que asseguram ao projetista que seja feito um projeto de qualidade atendendo aos cálculos de carga térmica e as condições externas de temperatura. As tecnologias atuais podem operar com temperaturas externas mais elevadas, garantindo integridade dos componentes eletrônicos do equipamento. A instalação e manutenção do equipamento, obrigatoriamente, tem que ser feita seguindo o IOM (manual de instalação, operação e manutenção) do fabricante e deve ser contratada empresa credenciada com conhecimento sobre a tecnologia.

Gerson Robaina é Diretor de Produto e Engenharia R&LC Latam da JCI-Hitachi Ar Condicionado
Veja também:
Oportunidades e desafios dos sistemas VRF
Ashrae 15 e 34: garantiapara o projeto, instalação e operação dos sistemas VRF