Proteção anticorrosão nas unidades externas, instalação obedecendo às recomendações do fabricante e operação e manutenção de acordo com o manual, garantem longa vida

Na edição de fevereiro da revista Abrava + Climatização & Refrigeração publicamos artigos sobre a expansão dos sistemas VRF e os desafios colocados por esse movimento. Dando continuidade ao tema, conversamos, via email, com Ricardo Augusto Suppion, especialista em marketing de produto da Midea Carrier.

A+CR: Os sistemas VRF tendem a ganhar ainda mais espaço em 2025. Isso pode colocar alguns desafios para fabricantes, projetistas e instaladores. Tendo tal fato em conta, quais as recomendações para deixar esses sistemas mais seguros e com maior vida útil?

Ricardo Suppion: Os sistemas VRF são seguros e possuem uma longa vida útil, porém é importante sempre ter em conta os seguintes fatores:

  1. Proteção anticorrosão nas unidades externas – no caso da Midea, as unidades externas têm uma proteção extra nas unidades centrais (externas) que as protegem de ambientes mais agressivos.Essa proteção consiste em camadas extras de pintura protetiva, no gabinete, trocadores e tubulações.
  2. Instalação – deve-se sempre seguir o descrito nos manuais dos fabricantes em relação aos cuidados e testes para a instalação. Isso inclui, por exemplo, garantir os espaços necessários para instalação e manutenção.
  3. Operação e manutenção – os equipamentos devem ser regularmente limpos, principalmente em ambientes como a beira-mar e revisados alguns pontos como as conexões elétricas, se estão bem firmes ou se “soltaram”, pressões de refrigerante para verificar se não nenhum vazamento etc.

A+CR: Quando pode ser mais vantajoso a condensação a água e o que deverá ser incluído no projeto e execução? Da mesma maneira em relação à condensação a ar.

Ricardo Suppion: A definição se o sistema será de condensação à ar ou água deve ser feita pelo projetista, adaptado à realidade do cliente. Algumas situações que podem levar à utilização de sistemas aágua:

  1. Retrofit – edifícios onde já existem equipamentos tipo self com condensação à água, com salas técnicas nos andares com a infra instalada e sem acesso para tomadas de ar externo.
  2. Ambientes agressivos, como empresas produtoras de papel, mineradoras ou usinas metalúrgicas que possuem muito particulado em suspensão no ar ou gases corrosivos e os equipamentos devem ficar protegidos.

Para os sistemas com condensação a água é importante garantir a qualidade da água que irá passar nos trocadorese a quantidade com o balanceamento da rede de distribuição de água de condensação. O mesmo podemos dizer dos sistemas de condensação a ar, onde deve-se tomar cuidado com paredes ao redor do equipamento, “coberturas” e disposição dos equipamentos para evitar que o ar que sai da unidade com temperatura retorne para a unidade ou para alguma unidade próxima (o chamado curto-circuito de ar), o que irá provocar o aumento da temperatura do ar na entrada da unidade, derrubando a eficiência do equipamento, aumentando o consumo e até mesmo podendo provocar a redução da vida útil ou a quebra do mesmo.

A+CR: Como melhorar a qualidade do ar interno em instalações VRF?Qual a vantagem de utilizar unidades de tratamento do ar externo em sistemas VRF e como devem ser especificadas essas UTAE?

Ricardo Suppion: Como todo projeto de ar-condicionado uma das maneiras de se promover a qualidade de ar é garantir a renovação de ar e a medição de marcadores como, por exemplo, o nível de CO2 para tomadas de medidas complementares.

No caso dos sistemas VRF a renovação de ar pode ser feita utilizando unidades dedicadas como, por exemplo, a unidade de ar externo ou a unidade recuperadora de calor. A diferença é a seguinte:

  1. A unidade recuperadora de calor tem dois ventiladores, um para retirar ar do ambiente interno e lançar para o ambiente externo e um segundo que faz o contrário, toma o ar externo e o insufla no ambiente. Nesse processo há troca de calor e parte da carga térmica do ar externo é retirada, trazendo maior eficiência ao sistema.Na Midea esse modelo tem a sigla HRV.
  2. Unidade de Ar externo – funciona como uma unidade terminal (interna) padrão do VRF, com serpentina e válvula de expansão eletrônica, porém, ela toma o ar externo e o resfria antes de insuflar no ambiente, seja diretamente ou através de tomadas de ar externo em outras unidades, como, por exemplo, uma unidade tipo Cassete 4 vias.

O dimensionamento dessas unidades é baseado no volume de ar externo necessário e atento às condições de cada fabricante para seleção adequada das unidades externas.

A+CR: São necessários sistemas adicionais para a filtragem do ar para a adequação às normas vigentes? Em quais situações?

Ricardo Suppion: Alguns ambientes requerem uma filtragem de ar maior do que a existente e suportada por unidades terminais (internas) padrão dos sistemas VRF, como hospitais.

Para essas aplicações existem modelos especialmente desenvolvidos, que se parecem muito com unidades do tipo airhandling ou fan-coil, porém, a serpentina trabalha com fluido refrigerante e conectadaa um sistema VRF. Essas unidades possuem ventiladores que podem vencer as perdas de carga maiores, decorrentes do uso de filtros como, por exemplo, M5 ou F8.

A+CR. Sabendo que instalações de VRF contêm grande quantidade de fluidos refrigerantes nos ambientes climatizados, o que deve ser feito para minimizar riscos de vazamentos?

Ricardo Suppion: O principal é ter os cuidados necessários na instalação:

  1. Tubos de cobre com as especificações corretas de diâmetros e espessura de paredes;
  2. Armazenar corretamente os tubos e acessórios na obra, evitando que sofram choques, amassamentos etc.;
  3. Utilização de procedimentos e ferramentas corretas para dobra de tubulação, flange e solda da tubulação;
  4. Testes de vazamento;
  5. Isolamento e, no caso das tubulações expostas, eventualmente alguma proteção mecânica para evitar choques acidentais;
  6. Verificação regular do sistema para detectar vazamentos, seja através de sistemas já incorporado nos equipamentos que podem detectar a insuficiência de refrigerante (indicando que está ocorrendo perda devido a um vazamento), monitoramento das pressões de trabalho ou sensores de detecção de refrigerante.

Tags:, ,

[fbcomments]