Dentre as novidades estão a introdução de dados climáticas de novas localidades e alteração no cálculo de renovação do ar

Pode haver alguma imprecisão nos meus registros, mas a primeira reunião para a revisão da versão de 2008 da NBR 16 401 foi no dia 23 de outubro de 2013. Foram aproximadamente 50 reuniões do Comitê para chegarmos à primeira consulta nacional em fevereiro de 2022 e mais 10 reuniões posteriores para avaliação dos comentários e correções, o que obrigou à uma segunda consulta nacional em dezembro de 2023. Em seguida, mais algumas reuniões para a versão final publicada em 19 de novembro de 2024.Foram, portanto, por volta de 10 anos de trabalho.

Principais mudanças introduzidas

A NBR 16401-1 Projetos e instalação – foi atualizada com dados mais atuais, como os dados climáticos, por exemplo. Foi alterado o algoritmo para cálculo de vazamento de dutos, embora utilizando o mesmo conceito anterior, e o Anexo D foi introduzido com exemplos do cálculo de classes de vazamento de dutos.

Estabelece,também,que os coeficientes de desempenho dos chillers deve obedecer aos requisitos do PBE Edifica. Esta é a única referência ao coeficiente de desempenho (COP) sem entrar em detalhes. E apesar do PBE Edifica contemplar as instalações de expansão direta, a norma não estabelece esta necessidade, embora eu particularmente entenderia que está subentendido.

A NBR 16401-2 Parâmetros de conforto térmico – foi atualizada tendo como base a AshraeStd 55 de 2017, apesar de que já existem versões posteriores de 2020 e 2023 (a última). O comitê contou, aqui, com a participação importante do Prof. Roberto Lamberts e sua equipe de pesquisadores da UFSC.

Esta parte 2 foi atualizada de acordo com a AshraeStd 55-2017 utilizando os mesmos princípios anteriores.

Em relação às condições ideais de temperatura e umidade, esta parteda Normaestabelece métodos para a estimativa de percentagem predita de insatisfeitos (PPD) em função do voto médio predito (PMV), que pode ser obtida pelo método analítico (dentro de alguns parâmetros) ou utilizando cálculos. Desta forma, não existe um único binômio temperatura e umidade relativa de conforto possível, pois, o conforto térmico depende, também, de outros fatores como velocidade do ar, temperatura média radiante, metabolismo e vestimentas.Nesta parte da norma é possível entender como estes fatores se relacionam.

A NBR 16401-3 – Qualidade do ar interior – foi a parte mais atualizada, tendo sido incluída metodologia de cálculo de material particulado (PMx) a partir das informações introduzidas pela norma NBR ISO 16890-1 publicada em 2018.

Além disto, o cálculo do ar externo teve algumas alterações com relação à concentração interna de contaminantes, detectada indiretamente pela concentração de CO2, que leva em consideração o incremento da concentração com relação à concentração externa, atividade física dos ocupantes e, para ambientes com menor ocupação, uma vazão mínima devido à geração de contaminantes pelos utensílios, revestimentos, móveis etc. Após a publicação da Norma, foram encontradas algumas inconsistências nesta parte, principalmente devido a problemas de formatação e indexação, o que levou a um entendimento ambíguo. O comitê está reunido para solucionar estas inconsistências para publicação de um adendo ou uma nova Consulta Nacional em breve, isto se refere aos itens 5.3 e Anexo D.

Enquanto os sistemas de filtragem são importantes para controlar o material particulado interno, o ar externo (renovação) é importante para controlar os contaminantes gasosos (Nox, VOCs, odores etc.).Portanto, é fundamental que este dado seja observado em todos os projetos, uma vez que interfere na qualidade de vida e saúde dos usuários.

Houve uma alteração no método de cálculo de vazão de ar externo (renovação). O método introduzido utiliza o metabolismo dos ocupantes no cálculo. Sabe-se que o CO2, apesar de não ser um contaminante em si, vem junto com a geração de outros contaminantes indesejados. A metodologia estabelece como parâmetro apenas o CO2, considerando que os demais contaminantes indesejados também sejam gerados nas mesmas proporções e, controlando a concentração do CO2, se estaria controlando os demais.

Na versão anterior o cálculo era feito somando-se duas parcelas, uma proporcional à área do ambiente conforme o tipo de ocupação e uso e uma segunda parcela conforme a quantidade de pessoas.

Nesta versão, o cálculo é feito basicamente considerando o metabolismo das pessoas presentes no ambiente, entendendo-se que o mesmo ar que dilui os contaminantes gerados pelos ocupantes serve para diluir os contaminantes gerados no ambiente.Mas contempla aplicações em que a ocupação é baixa ou sem ocupação, em que uma vazão mínima é exigida.

Como mencionado, a introdução do método de cálculo para estimativa da concentração de material particulado (PM) nos ambientes, várias informações, até então não necessárias, passaram a ser necessárias, como é o caso da concentração de PM no ar externo, da eficiência dos filtros de ar para PM, geração de PM nas diversas atividades internas aos ambientes etc. Imagino que até os projetistas absorverem este método vai levar um tempo, mas a maioria das informações já estão disponíveis ou passíveis de serem estimadas.

Os fornecedores dos filtros de ar já estão se mobilizando para apresentar a eficiência dos seus produtos de acordo com a norma NBR ISO 16890-1 com as informações de eficiência para PMx. Mesmo porque, a Norma NBR 16101 já foi descontinuada há algum tempo. Para quem não sabe, esta NBR 16101 é aquela que classificava os filtros como G4, M6, F7 etc. Aos fornecedores que ainda não estão fazendo a atualização a recomendação é que se apressem.

Willi Colozza Hoffmann engenheiro mecânico e consultor na Anthares Soluções em HVAC

 

Credito da foto http://www.dreamstime.com/stock-images-soft-focus-to-filter-air-handing-unit-technician-checking-pre-handling-replacement-new-hvac-maintenance-image174900084

Veja também:

O que muda com a revisão da NBR 16 401

Avanços na normatização da qualidade do ar interior

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