A seleção do fluido refrigerante adequado para cada aplicação deve ser feita levando em consideração as características do equipamento, as condições de operaçãoe o impacto ambiental
À luz das restrições impostas pelo Procolo de Montreal e sua Emenda de Kigali, a redução global do uso de HFCs (hidrofluorcarbonetos) com alto GWP (Global WarmingPotential ou Potencial de Aquecimento Global) é mandatória. Em conformidade com este Protocolo,o Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (hidroclorofluorcarbonos) foi instituído pelo Ministério do Meio Ambiente.Nesse cenário, as categorias A2Le A3 despontam como as mais equilibradas e adotadas por reguladores e fabricantes como padrões de transição.
No contexto global, para sistemas de ar-condicionado, há cronogramas estabelecidos para curto prazo. A Europa, através do Regulamento F-Gas (revisto em 2024), restringe gradualmente a colocação no mercado de sistemas com HFCs acima de determinados GWP, promovendo o uso de A2L e A3. Os EUA restringiram o limite do GWP em até 700 para chillers e bombas de calor (a partir de 2025) e VRV/VRF (a partir de 2026), autorizando o A2L com diretrizes de segurança complementares.
A seleção do fluido refrigerante adequado para cada aplicação deve ser feita levando em consideração as características do equipamento, as condições de operação, a regulamentação local e o impacto ambiental.
A classificação ASHRAE 34 é a referência global tabela 1.
Os fluidos refrigerantes A2L têm sido adotados globalmente em novos equipamentos por permitirem cargas menores, eficiência superior e GWP muito abaixo dos HFCs tradicionais.O R-32 é amplamente adotado em splits, package e VRV/VRF– com o R-454B como alternativa. O R-1234yf e o R-1234ze são utilizados em chillers, bombas de calor e aplicações automotivas.
A classe A2 inclui refrigerantes com risco intermediário de inflamabilidade, porém com velocidade de chama maior que o A2L, o que limita seu uso a ambientes controlados e com infraestrutura especializada.Os fluidos A2 apresentam GWP muito baixo, o que justifica a sua escolha em determinadas aplicações especiais. O R-512a é usado em refrigeração leve e em equipamentos automotivos. Uso recomendado em instalações com controle rigoroso de ventilação, volume reduzido de carga e ambientes com acesso restrito.
Os hidrocarbonetos são, em geral, classificados como fluidos refrigerantes A3 e altamente inflamáveis, porém possuem GWP extremamente baixos. O principal representante desta categoria é o R-290 (propano), que é amplamente utilizado em refrigeração,chillers e bombas de calor de pequena capacidade. Outras aplicações são o R-600a (isobutano) em refrigeradores domésticos e comercial leve e o R-1270 (propileno) em equipamentos industriais específicos.
As principais regulamentações técnicas incluem: Ashrae Standard 15 e 34 sobre classificação e requisitos de segurança; IEC 60335-2-40 e 60335-2-89, segurança em equipamentos de ar-condicionado e refrigeração; ISO 5149, norma internacional de segurança em sistemas de refrigeração e bombas de calor; ABNT NBR 16666, designação e classificação de segurança; e, ABNT NBR 16667, especificações para fluídos frigoríficos.
Estas referências cobrem a classificação, a segurança, os requisitos de segurança para os equipamentos e as diretrizes sobre o manuseio dos fluidos refrigerantes.
Quando da manutenção em sistemas, é necessário observar o cálculo de carga máxima permitida por ambiente (conforme volume e ocupação). Ventilação natural ou forçada. Detecção de vazamento com acionamento automático da válvula de bloqueio no equipamento e da ventilação. Evitar fontes de ignição (elétricas e térmicas). Componentes certificados para uso com fluídos inflamáveis. Instalação por técnicos habilitados.
Para os fluidos de classe 2, a limitação de carga é ainda mais rigorosa. Requisitos reforçados de ventilação e contenção; necessidade de enclausuramento de partes críticas; áreas com acesso controlado. Em razão do maior risco, são mais comuns em ambientes industriais ou laboratoriais.
Para fluidos da classe A3, a área de instalação deve ser à prova de explosão ou com ventilação contínua. Somente equipamentos certificados, detecção contínua e redundante de vazamentos e evitar proximidade com faíscas ou calor. Uso normalmente limitado a sistemas compactos, selados ou com carga reduzida.
A Daikin tem liderado globalmente a transição para fluidos refrigerantes sustentáveis, adotando o R-32 (A2L) como solução de médio prazo para splits e sistemas VRV/VRF, graças à sua eficiência, menor carga necessária e inflamabilidade controlada. A empresa também investe em pesquisas sobre alternativas naturais e de ultrabaixo GWP, alinhando tecnologia e segurança com a descarbonização do setor AVACR.

João Manuel Aureliano, Senior Product Engineering Manager
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