Na refrigeração a prática de supervisão à distância dos sistemas não é recente. Há anos pode-se encontrar no mercado boas soluções para o controle remoto das câmaras e balcões, inclusive com programação de degelo. Dentre os fornecedores de ferramentas com tal finalidade encontram-se a brasileira Full Gauge Controls e a dinamarquesa Danfoss.

As vantagens são inúmeras. “A primeira grande vantagem é evitar desperdícios, isso em qualquer tamanho de negócio. A vantagem de utilizar esses sistemas em instalações e hospedar na nuvem, é ter acesso remoto em qualquer parte do mundo, facilitando a tomada de decisões. Existem sistemas de IoT que tomam decisões sobre o problema, mas é preciso mais dedicação e segurança de rede, assim, o resultado é muito melhor. Utilizando softwares de supervisão é possível, por exemplo, ser alertado de alguma falha no sistema de frio, agilizando a tomada de decisão e a compreensão da causa do problema. Uma ação em menor tempo evita a perda de produtos perecíveis”, alerta Rodnei Peres, Vice-diretor da Full Gauge Controls.

“Ao implementar uma solução de computação em nuvem, o contrato geralmente segue o modelo as a service, em que o cliente paga uma mensalidade para ter acesso às plataformas de supervisão, sem precisar desembolsar grandes investimentos no período inicial do projeto. Isso muda a percepção financeira do projeto. Na infraestrutura há benefícios como a não necessidade de se manter uma estrutura de TI local complexa, já que toda a estrutura do sistema está remota na nuvem. No aspecto do IoT a contribuição se dá no fato de que se o sistema tiver sensores com conectividade direta, por exemplo, ele pode se comunicar diretamente com a plataforma em nuvem, eliminando intermediários como controladores, roteadores, pontes de comunicação, entre outros”, explica Ricardo Konda, engenheiro de vendas da Danfoss.

Peres diz que a empresa percebe, já há alguns anos, que a IoT está cada vez mais presente em equipamentos conectados a sistemas hospedados na nuvem e que quantos mais equipamentos estiverem no contexto, melhor será a tomada da decisão em caso de falhas, manutenções, redução do custo de energia e outras melhorias. “Trazendo aqui um exemplo bem atual: hoje existem casas de máquinas em supermercados controladas remotamente, dispensando que o técnico esteja presente em todos os momentos. As manutenções preventivas e/ou preditivas usam, muitas vezes, o tempo de funcionamento como base para sua realização; já em um sistema com IoT essa rotina passa a ser controlada com base em análise de dados, que é muito mais assertivo, evitando assim que algum equipamento venha se danificar permanentemente.”

“Imagine que sua câmara fria de congelados apresente um problema de temperatura alta no meio da madrugada. Sem a supervisão remota você só vai saber que o problema existe no dia seguinte, quando seus colaboradores abrirem a câmara e quando provavelmente seus produtos já estarão perdidos. A supervisão remota permite que esta alta temperatura seja detectada imediatamente e que você ou sua equipe sejam notificados em tempo real, podendo assim tomar uma ação emergencial evitando a perda de produtos. Outra contribuição é habilitar o recebimento de dados e informações e realização de ações no sistema sem precisar deslocar alguém até o supermercado. Em tempos de pandemia isso é um benefício e tanto, além da redução de custo que isso representa”, complementa Konda.

Por outro lado, o engenheiro da Danfoss diz que a supervisão remota “turbinada” pela IoT e a computação em nuvem permitem que os dados recebidos sejam mais precisos e detalhados. A computação em nuvem, segundo ele, permite o acesso aos dados a qualquer momento, de qualquer lugar e de qualquer dispositivo, como tablet ou smartphone com acesso seguro à internet. “Imagine que os compressores do sistema de refrigeração tenham conectividade IoT e que um destes compressores seja o que parou de funcionar na câmara fria. Nesse cenário, o compressor enviará diretamente a informação de falha à plataforma de supervisão remota, com informações como data e hora da falha, descrição do local de instalação e nome da câmara da qual ele faz parte, além de possíveis causas para falhas, entre outros dados. Isso possibilita agilidade e assertividade na resposta ao evento e redução do tempo de correção do problema.”

Segundo Peres, é possível elevar o desempenho de componentes do sistema, como compressores e trocadores de calor, através da utilização do conceito de IoT. “Claro que isso passa principalmente pelos controles eletrônicos utilizados no gerenciamento dos equipamentos. Quanto mais informações registradas, maior é a formação de um banco de dados para análise de histórico e melhor funcionamento dos equipamentos”, esclarece.

O executivo da Full Gauge ressalta, ainda, o papel das válvulas eletrônicas, incluindo os modelos oferecidos pela empresa. “A E2V, já é uma evolução. Ela já estaria inserida em um contexto de Indústria 4.0, mas se olharmos a parte de controle de todo o sistema, sim, certamente vamos elevar o seu desempenho.”

Em relação à operação e manutenção remotas, Peres faz dois alertas. “A manutenção em sistemas geradores de frio dificilmente não será realizada pela mão do homem, com exceção de casos em que exista a redundância de equipamentos para podermos, remotamente, trocar as máquinas. O monitoramento remoto, os equipamentos com IoT e hospedados na nuvem, vão fornecer informação para a tomada de decisão, mas com a atuação do homem para resolução do problema.”

 

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