Na opinião de especialistas da indústria, o R-32 e o R-454B são ótimas alternativas, com prós e contras

A busca por fluidos refrigerantes com baixo potencial de agressão ao meio ambiente continua acelerada. Em determinadas linhas de equipamentos, o R-32 avança. Em outras, as alternativas à base de hidrofluorolefinas (HFOs), que representam a quarta geração de fluidos refrigerantes fluorados, também ganham espaço, devido ao baixo GWP.  Para algumas aplicações, o CO₂ e os isobutanos já são uma realidade. Neste debate, abordaremos as substâncias que já têm se destacado: o R-32, o R-454B. Para tanto, convidamos alguns representantes do mercado. Responderam a Chemours, pelo lado dos fabricantes de fluidos, o engenheiro Bruno César Furlin, representando a Fujitsu,e o consultor Paulo Neulaender.

Tanto o R-32 quanto o R-454B oferecem grandes vantagens, a depender da aplicação

À medida que a indústria busca substituir o R-410A por opções mais sustentáveis, fluidos refrigerantes como o R-32 e o R-454B ganharam destaque por suas características distintas. Cada uma dessas alternativas apresenta vantagens específicas em termos de eficiência energética, sustentabilidade e segurança, tornando-as adequadas para diferentes aplicações e contextos operacionais.

O R-32 é um hidrofluorcarbono (HFC) de terceira geração e alternativa de transição ao R-410A devido ao seu Potencial de Aquecimento Global (GWP) de 677 (AR5), ou seja, 65% menor comparado ao R-410A, cujo GWP é de 1924 (AR5). O R-32 possui maior temperatura de descarga e maior capacidade de refrigeração que o R-410A, especialmente em aplicações de climatização residenciais e comerciais leves. Do ponto de vista de segurança, possui classificação de segurança Ashrae A2L, ou seja, possui baixa toxicidade e é levemente inflamável, portanto, só deve ser utilizado em equipamentos novos projetados para R-32.

O R-454Bé um fluido refrigerante de quarta geração à base de hidrofluorolefina (HFO), com um GWP de apenas 467, com redução de 76% em comparação ao R-410A. Assim como o R-32, possui baixa toxicidade e é levemente inflamável (A2L), porém, por apresentar o menor GWP entre as alternativas, é a solução sustentável de longo prazo para novos sistemas de climatização. Este fluido refrigerante mantém a capacidade de refrigeração e aumenta a eficiência energética em comparação a um equipamento projetado para R-410A, com pressões de operação e temperaturas de descarga similares. O R-454B é especialmente indicado para aplicações em equipamentos novos de climatização quando a sustentabilidade a longo prazo é o principal fator motivador.

Tanto o R-32, quanto o R-454Bsão levemente inflamáveis (A2L) e, portanto, as boas práticas de manutenção passam a ser obrigatórias. Dentre as principais recomendações e precauções estão:

• Procedimentos de manutenção: atividades de manutenção como recolhimento do fluido refrigerante, purga do sistema com nitrogênio e teste de estanqueidade para prevenção de fugas passam a ser obrigatórias antes de realizar qualquer trabalho à quente para garantir menos riscos durante intervenções no equipamento;
• Ferramentas: cilindros de recolhimento e ferramentas elétricas como recolhedoras, bombas de vácuo e detectores de vazamentos devem ser compatíveis com fluidos refrigerantes A2L para garantir o correto manuseio e segurança, ao se mitigar riscos do ponto de vista operacional;
• Retrofit: Jamais se deve realizar retrofit de R-410A para qualquer alternativa de fluido refrigerante que seja A2L. Este procedimento não é adequado, uma vez que equipamentos novos projetados para R-32 e R-454B possuem alterações do ponto de vista elétrico e mecânico para garantir a segurança destes novos sistemas. Sempre verifique a indicação do fluido refrigerante a ser utilizado pelo fabricante do equipamento;
• Projetos de equipamentos novos: Para trabalhar com fluidos refrigerantes levemente inflamáveis, requisitos de projetos para equipamentos e instalações devem ser seguidas para garantir a segurança operacional. Dentre as medidas de mitigação podem estar contempladas limitações de cargas de fluido refrigerante, volume mínimo do ambiente a ser climatizado, necessidades de ventilação e exaustão ou a instalação de detectores de vazamentos de acordo com o local de instalação e o tipo do sistema.

Além disso, existem alguns riscos associados ao uso de qualquer tipo de fluido refrigerante desde o R-410A até R-32 e R-454B. O principal deles é o risco de asfixia em locais fechados, uma vez que o fluido refrigerante pode deslocar o oxigênio, representando um perigo se acumulado em ambientes sem ventilação adequada. Além disso, a exposição direta ao fluido refrigerante pode causar irritação nos olhos e na pele. Em situações de vazamento, o fluido refrigerante pressurizado também pode provocar queimaduras por congelamento em contato direto com a pele, devido à rápida evaporação. Dessa maneira, todos os fluidos refrigerantes devem ser manuseados apenas por profissionais qualificados com o uso de equipamentos de proteção individual, como luvas resistentes a produtos químicos, roupas de manga longa e proteção ocular. Verifique a Ficha com Dados de Segurança (FDS) dos fluidos refrigerantes antes de manuseá-los.

O R-32 é amplamente utilizado como um fluido refrigerante de transição em sistemas de ar-condicionado residenciais e comerciais leves devido à sua eficiência energética, o que ajuda a reduzir o consumo de energia e, por consequência, os custos operacionais. Essa característica faz dele uma excelente escolha para residências e pequenos estabelecimentos comerciais que buscam manter o conforto térmico sem grandes aumentos na conta de energia. Porém, devido às suas propriedades termodinâmicas, o R-32 pode possuir limitações em ambientes com temperatura externa elevada, sendo necessárias alterações mais profundas de projeto para garantir a correta temperatura de descarga do sistema.

O R-454B é recomendado para novas instalações que buscam solução com o menor GWP possível, como grandes projetos que exigem conformidade com regulamentações ambientais mais rigorosas. Ele é indicado para sistemas de climatização de grande porte, quando a reduçãodo impacto ambiental é a prioridade.

O R-32 e o R-454Bsão alternativas que representam avanços importantes em relação ao R-410A, atendendo diferentes necessidades de eficiência, sustentabilidade e segurança. No quesito eficiência energética, todos proporcionam resultados comparáveis ou superiores ao R-410A, com o R-454B se destacando por oferecer uma melhoria de até 5% em determinadas aplicações e menores temperaturas de descarga versus R-32.

Em relação à segurança, ambos os produtos são classificados como levemente inflamáveis (A2L), o que exige certos cuidados com manutenção, ferramentas e projetos de equipamentos novos. O R-454B foi projetado para permitir uma transição facilitada, com menores alterações nos projetos de sistemas existentes, garantindo a segurança e a facilidade de uso. O R-32, embora também seja altamente eficiente, é visto como uma solução de transição por possuir GWP intermediário, além de demandar atenção adicional para assegurar sua aplicação segura, especialmente em locais que possuam limitações de temperatura ambiente externa.

 

 

 

 

 

 

 

O principal substituto será o R-32

Na minha visão, hoje, o principal substituto do R-410A é o R-32. Não vejo ainda abertura para fluidos como R-452B ou R-454A, isso porque, na sua formulação, ainda possuem uma base de HFCs, ou seja, se for para mudar de fluido refrigerante, o ideal seria partir para novas tecnologias já a base de HFOs, HCs ou CO₂.

Na questão ambiental, o R-32 atende bem por ter um GWP menor que 700 , além disso, o R-32 é um fluido de molécula única, ou seja,oferece a vantagem da possibilidadedo recolhimento e reciclagem.

A grande questão é ter certeza do fornecimento de alternativas em todo o território brasileiro e, como comentei, não vejo como um bom negócio sair de um fluido HFC para colocar uma mistura que tem como base HFCs misturado com HCs e HFOs que, como o R-32 tambémestão enquadrados na categoria A2L.

O R-452B pode ser utilizado em equipamentos de baixa temperatura, por exemplo, poderia substituir o R-404A.Já o R-454A pode substituir o R-410A, ambos são categoria A2L e possuem um bom GWP, porém, como comentei acima, neste momento não vejo vantagens, já que podemos ter novastecnologiasa caminho.

O mercado vai ter que se adaptar a trabalhar com aflamabilidade destes novos fluidos. E, como sempre, qualificar melhor a mão de obra, exigindo dos instaladores ferramentas corretas para o dia a dia e incentivando o recolhimento e reciclagem dos fluidos refrigerantes.

Quando falamos em eficiência energética, temos novos fluidos com vantagens no retrofit.Porém, também sabemos que com uma manutenção preventiva bem-feita, coisa que no Brasil ainda é uma dificuldade, poderíamos atingir um ótimo índice de eficiência energética.Uma simples limpeza dos condensadores melhora a troca de calor e gera eficiência energética; uma simples limpeza de filtros do ar-condicionado, geraria a mesma situação e, por este caminho, temos mais exemplos simples do dia a dia que podem ajudar tanto nas questões ambientais como energéticas.

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma escolha eficiente, sustentável e segura

Na Fujitsu General do Brasil estamos firmemente centrados na adoção do R-32 como substituto ideal do R-410A para nossos sistemas split residenciais. O R-32 se destaca por sua alta eficiência energética e um potencial de aquecimento global (GWP) significativamente menor que o R-410A, tornando-o mais sustentável e ambientalmente responsável. O R-32 é mais fácil de manusear e reciclar, pois diferente do R-410A que é um fluido blend, com diversos tipos de componentes em sua composição, o R-32 é um fluido único sem misturas, representando uma vantagem operacional e ambiental. Entre as alternativas disponíveis, o R-32 é a melhor escolha para nossos produtos devido ao excelente equilíbrio entre desempenho, sustentabilidade e custo-benefício.

O uso do R-32 impõe a necessidade de certas precauções devido à sua leve inflamabilidade. Na Fujitsu General do Brasil, nossa prioridade é garantir a segurança total, por isso efetuamos treinamentos gratuitos on-line e presenciais para manter a equipe de nossos parceiros instaladores sempre capacitados a instalar e manter sistemas que utilizam o R-32 com rígidas normas e dispositivos de segurança.

Vale ressaltar que é possível utilizar a mesma linha frigorífica do R-410A na instalação do sistema com R-32, mas sempre respeitando os diâmetros da tubulação e tomando os cuidados necessários com limpeza e verificação de integridade da instalação, que estão descritos nos manuais dos equipamentos.

Asseguramos também que todos os componentes de nossos sistemas split são plenamente compatíveis com o R-32, garantindo não apenas eficiência máxima, mas também total confiança na segurança dos nossos produtos para uso residencial.

O R-32 é altamente vantajoso para sistemas split residenciais, que frequentemente são a opção preferida para climatização doméstica devido a praticidade. Sua alta eficiência energética reduz efetivamente o consumo de energia, proporcionando tanto economia, quanto conforto aos usuários. Além disso, o menor PAG do R-32 em relação ao R-410A reforça o compromisso da Fujitsu General do Brasil com a redução do impacto ambiental e a promoção de soluções sustentáveis para o uso residencial.

Consideramos o R-32 na Fujitsu General do Brasil como a alternativa superior ao R-410A, especialmente para aplicações residenciais como sistemas split. O R-32 não apenas oferece uma eficiência energética melhorada, proporcionando economia direta para nossos clientes, mas também apoia nossos valores de sustentabilidade com seu menor potencial de aquecimento global. Embora sua leve inflamabilidade exija atenção, nossas práticas de segurança rigorosas garantem que o R-32 seja uma escolha não apenas eficiente e sustentável, mas também segura para ambientes residenciais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto de abertura: http://www.dreamstime.com/stock-photos-metal-refrigerant-tanks-store-colored-display-image244814503