Como temos visto, ao longo destes artigos, a COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém, Pará, promete ser mais um marco na agenda ambiental, a exemplo do que foi a Eco92 e a Rio+20, com o Brasil buscando reafirmar seu papel de liderança nas negociações ambientais e uma opção para o mundo em negócios sustentáveis.

Belém está passando por uma transformação significativa para receber os milhares de participantes esperados. Para ter uma ideia da escala, desde a COP26 (Glasgow) o público só aumentou, saindo de 40 mil para mais de 80 mil na COP28 (Dubai) e, em Baku, última edição da COP, mesmo com todas as dificuldades de uma COP no Azerbaijão, o público chegou a mais de 66 mil pessoas.

Investimentos em infraestrutura incluem melhorias na rede hoteleira, transporte público e segurança. Além disso, escolas e quartéis estão sendo adaptados para acomodar visitantes, enquanto navios de cruzeiro servirão como hospedagem alternativa.São mais de 30 obras em andamento. Mas a cidade ainda enfrenta desafios, como críticas à sua capacidade de receber um evento de tal magnitude. Obras de mobilidade urbana e saneamento estão em curso, com o objetivo de deixar um legado positivo para os habitantes locais, uma vez que, atualmente, apenas 53% da área metropolitana de Belém conta com água potável e a área de cobertura de esgoto é de somente 9%.  Apesar das dificuldades, o governo brasileiro e o estado do Pará estão empenhados em garantir que Belém seja uma anfitriã à altura do evento.

O Brasil tem usado a COP30 como plataforma para pressionar grandes economias, como China e União Europeia, a apresentarem metas mais ambiciosas de redução de emissões e reafirmarem seus compromissos frente a um mundo que passa por mudanças na organização geopolítica. E a aposta tem dado certo. No final de abril, a China se posicionou positivamente nesta agenda, anunciando metas abrangentes para toda sua economia, junto com França e Espanha, que levaram o Secretário Geral da ONU, António Guterres, a celebrar o anúncio. “É a primeira vez que a China esclarece estes pontos e isso é extremamente importante para a ação climática”.

A COP30 será, sem dúvida, um grande teste para a capacidade do Brasil – incluindo nossas empresas – de assumir a liderança nas discussões climáticas em um momento crucial para o futuro do planeta. Além disso, representa uma oportunidade para avançarmos no debate interno sobre o Brasil que desejamos construir para o amanhã e a imagem que queremos projetar para o mundo. Indo muito além de umevento político, a COP30 tem se consolidado como um farol para a economia global sustentável e um porto seguro para investidores em tempos de incerteza. Parafraseado Humberto Costa, Diretor de Produtos & Estratégia Balcão da B3, “o mercado vai dizer o que você precisa e quando precisa fazer”, o que, traduzido para o contexto da COP, deixa claroo papel de nossos negócios nesta agenda.

Thiago Pietrobon é vice-presidente do Departamento Nacional de Meio Ambiente da Abrava (DNMA) e esteve acompanhando, pela Associação, as negociações na COP 29, além de participar ativamente das negociações sobre a agenda climática

 

Tags:, ,

[fbcomments]