Com centrais obsoletas, reciclamos no máximo 5% do volume utilizado em campo e ocusto da incineração é alto, comparado ao de outros países
Com vistas a reduzir a dispersão de fluidos refrigerantes danosos ao meio ambiente, as recomendações corretas seriam, em todo procedimento de reoperação do sistema, recolher o fluido refrigerante.Porém, a realidade é outra; na prática, a maioria das empresas não possui recolhedora, cilindro retornável com válvula de segurança e, geralmente, chegando o momento de apagar o incêndio, jogam o gás fora e colocam carga nova.Além disso, a maioria dos fabricantes não exige da sua rede autorizada as ferramentas para uma manutenção correta e obrigatória.
Quando das manutenções do sistema, o fluido deve ser recolhido com recolhedoras/recicladoras e sempre com cilindros retornáveis com válvula de segurança.Importante ter a balança para a segurança na capacidade de armazenagem do cilindro.Antes de recolher o fluido do sistema, é preciso colocar o manifoldpara verificar as pressões; muitas vezes chega-seao local e não há mais fluido refrigerante a ser recolhido.
O fluido deve ser recolhido quando há perda de eficiência no sistema, cujo motivo pode ser o fluido refrigerante.A maneira mais simples e econômica de comprovar é fazendo análise do óleo.Ou seja, se o óleo estiver contaminado, com certeza, o fluido deve ser limpo ou reciclado.
Atualmente, no Brasil, a reciclagem de fluidos refrigerantes não é viável comercialmente.A não ser quando podemos fazer a reciclagem inloco, com um volume mínimosuficiente paracobriros custos de equipamentos emão de obra.No caso de recolher e destinar a uma central, se houver um volumeacima de 200 ou 300kg, pode ser viável economicamente a operação.A logística e o custo do frete tendem a inviabilizar a operação.
De qualquer maneira,é seguro utilizar fluidos reciclados ou recuperados.Vale ressaltar que existemdois tipos de fluidos.Quando fazemos a reciclagem inloco, utilizando equipamentos homologados dentro das normas ARI700 e 740, sabemos que será da nossa responsabilidade recolher este fluido, ou seja, temos que conhecer o nosso equipamento e ter a certeza de que o fluido em seu interiorécompatível com a operação.Um pulo do gato interessante é usar um manifold e comprara pressão x temperatura ambiente para, com isso,comprovar, por exemplo, se este gás é R-22, pressão x temperatura medida no local bate com o PSI(pressão) do momento.
Outra condição do fluido refrigerante é quando mandamos para uma central de regeneração.Neste caso, temos 100% de certeza que o fluido está limpo comouma substância virgem,pois, após a regeneração, o fluido éanalisado em laboratório de acordo com a Norma ARI 700.
Os procedimentos padrões na recuperação, reciclagem e reutilização de fluidos refrigerantes ou, se for o caso, a incineraçãosão:-
– Conhecer o equipamento de trabalho,
– Possuir as ferramentas corretas para tal procedimento,
– Ser um técnico treinado e qualificado para a operação,
– Trabalhar com equipamentos homologados dentro de normas,
– Fazer análises periódicas do óleo e do fluido refrigerante ganhando, assim, eficiência no sistema.
É preciso reconhecer que a reciclagem no Brasil não tem funcionado.As centrais estão obsoletas, reciclamos no máximo 5% do volume utilizado em campo e soltamos ou deixamos vazar toneladas de fluidos refrigerantes diariamente para a atmosfera; falta informação, treinamento, equipamentos, mão de obra qualificada e logística. E a incineração, neste momento,é inviável, com o custo de R$ 70 a R$ 90 o quilo da incineração,em torno decinco vezes maior que o mercado externo.

Paulo Neulaender é especialista em fluidos refrigerantes e diretor comercial da Frigga
Credito da foto http://www.dreamstime.com/stock-image-preparing-to-install-new-air-conditioner-drilling-wall-image30272471
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