Independente das tecnologias a serem aplicadas num ambiente hospitalar, como em qualquer outro tipo de instalação, o importante é pensar o projeto de forma global para o máximo aproveitamento energético, com total conforto e garantia para a saúde dos ocupantes. “Quando se analisa os maiores consumidores de energia em uma instalação, as avaliações geralmente apontam para sistemas AVAC. Um sistema otimizado sempre opera com eficiência máxima e, também, permite maior flexibilidade e resiliência, possibilitando que os gestores maximizem seu orçamento operacional, minimizando tempo de inatividade e os custos de manutenção”, acredita Natália Araujo, da Stulz.

Araujo acrescenta que “um sistema de AVAC otimizado permite que o hospital baixe rapidamente a temperatura de uma determinada sala cirúrgica, quando necessário. Isso permite que o hospital mantenha as salas a temperaturas mais altas (22ºC), de modo que o sistema consuma muito menos energia do que se tivesse que manter constantemente todas as salas frias o suficiente (18°C). Investir na escolha de equipamentos de climatização é fundamental para o bom funcionamento a longo prazo. As instalações de AVAC, no que tange aos principais equipamentos, como chillers e AHU (Air Handling Units), devem ter robustez, para garantir menor tempo de paradas e disponibilidade 100% do tempo.”

Natália Araújo, Stulz

Entretanto, nem todas as tecnologias visando conforto e qualidade do ar de interiores têm aplicabilidade total em áreas hospitalares. É o caso dos processos radiante e de vigas-frias, por exemplo. “Poderemos aplicar os processos citados em quartos de pacientes, enfermarias hospitalares, ambientes administrativos e alguns consultórios, desde que as exigências de renovação e movimentação de ar e filtragem sejam atendidas. Nos demais ambientes hospitalares com maior exigência de filtragem e maiores índices de vazões de insuflação e renovação de ar, não é recomendada a aplicação de processos radiantes e vigas frias”, recomenda Mário Sérgio de Almeida, da MSA Projeto e Consultoria.

O projetista Anderson Rodrigues, da Artécnica, concorda: “Em áreas de recuperação hospitalar e conforto do corpo clínico e administrativo, onde a legislação permita e o ar condicionado seja para conforto. A norma ASHRAE 170-2008, Ventilação de Instituições de Saúde, deu um grande passo em direção à discussão de vigas frias ativas dentro dos requisitos regulamentares. Em 2011, a ASHRAE revisou a Norma ANSI / ASHRAE / ASHE 170-2008, Ventilação de Unidades de Saúde , com a publicação do adendo H , permitindo o uso de unidades de tipo vigas frias em áreas não invasivas de hospitais, incluindo quartos dos pacientes. A revisão indica que o ar de recirculação induzido é qualificado como troca de ar para fins de conformidade com os requisitos de taxa de mudança de ar ambiente da norma. A revisão esclarece que não é necessária filtragem adicional nas unidades tipo vigas frias projetadas para operar sem condensar água em suas superfícies, desde que o ar de ventilação primário das unidades seja filtrado de acordo com a norma.”

Rodrigues alerta para os desafios na utilização da tecnologia de vigas frias. O primeiro é a prevenção de condensação que passa pela estimativa precisa das cargas latentes internas e controle efetivo da umidade interna. “Enquanto a umidade interna for controlada e a temperatura da água de suprimento do feixe for mantida acima do ponto de orvalho do espaço, a condensação não é uma preocupação maior do que com um sistema convencional de ar total.”

Segundo, vem a percepção da indústria. “As vigas refrigeradas são relativamente novas para os Estados Unidos e ainda mais novas para o setor de assistência médica. Proprietários e engenheiros com pouca ou nenhuma familiaridade com a tecnologia evitam seu uso ou a aplicam indevidamente”, continua.

Em seguida, diz o projetista da Artécnica, vem a limpeza. “Grandes quantidades de roupas de cama são usadas nas áreas de atendimento ao paciente dos hospitais. O fiapo dessa cama é transportado pelo ar e pode se acumular no trabalho de dutos de AVAC. Embora os feixes refrigerados geralmente não atraiam grandes quantidades de fiapos – a velocidade do ar que se move sobre eles é muito baixa – ainda é uma boa ideia executar manutenção de rotina neles. Os fabricantes de vigas refrigeradas oferecem faces removíveis para limpeza no primeiro estágio, bobinas removíveis para limpeza no segundo estágio e, em alguns casos, peneiras de fibras.”

Finalmente, vem a atenção ao envelope de construção.” Vigas refrigeradas exigem um envelope de construção apertado para evitar a infiltração de umidade do lado de fora e a perda do controle da umidade da sala. O ponto de orvalho do ar no espaço deve permanecer acima da temperatura dos raios”, conclui Rodrigues.

O insuflamento pelo piso é outra tecnologia que merece atenção e tem, segundo Almeida, a aplicação limitada a ambientes administrativos, salas de conferência, salas de treinamento, bibliotecas e auditórios que pertençam ao Estabelecimento de Saúde. “Os demais ambientes hospitalares pressupõem que sejam atendidos por rede de dutos com insuflação e retorno, o que não é possível em instalações de insuflação e retorno pelo piso em plenum.

Da redação

Veja também :

Temperatura, umidade e distribuição do ar em ambientes hospitalares;

Sistemas dedicados de ar externo otimizam o consumo energético;

Normas para a construção e montagem de dutos;

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