Segundo a ABNT NBR 7256 os dutos devem ser construídos de acordo com a ABNT NBR 16401-1. Nesta norma, que está em processo de finalização de revisão, iremos encontrar os seguintes apontamentos:

1 – O caminhamento dos dutos deve ser o mais curto e direto possível, considerando as interferências com a estrutura e as demais instalações e serviços da edificação;

2 – Recomenda-se que o duto tronco de insuflação seja ramificado de forma a facilitar o balanceamento das vazões e/ou permitir a instalação de dispositivos de controle automático. Em particular, evitar servir diversos recintos por grelhas ou difusores conectados no mesmo ramal, ou servir com o mesmo ramal, recintos pertencentes a zonas térmicas diferentes;

3 – Não podem ser instaladas bocas de ar diretamente em duto tronco de insuflação, exceto quando atender a um único ambiente.;

4 – Nas bifurcações de dutos não podem ser utilizados divisores tipo splitters;

5 – O efeito do sistema sobre o desempenho do ventilador, provocado por dutos que sejam acoplados na descarga ou na aspiração, devem ser considerados ou evitados no projeto.

Quanto ao dimensionamento e projeto dos dutos iremos encontrar as orientações abaixo:

O projeto de distribuição de ar deve considerar os seguintes pontos:

– Diferencial de pressão entre ambientes;

– Gerenciamento de fumaça e calor;

– Isolamento térmico;

– Vazamento admissível;

– Nível de ruído;

– Teste, ajuste e balanceamento do sistema

Os dutos de ar também devem atender aos requisitos da ABNT NBR 16401-3 (em fase de conclusão de revisão), e que nos recomendará:

1 – Os dutos de ar devem ser acessíveis e providos de portas de inspeção para garantir acesso para limpeza interna quando necessário, seguindo as recomendações da ABNT NBR 14679.

2 – O tratamento acústico no interior dos dutos metálicos, quando utilizado, deve ser de material revestido que não desprenda fibras ou material particulado e que permita sua limpeza ou fácil substituição.

3 – Toda rota de circulação de ar deve ser passível de limpeza e higienização e, se possível, de uso exclusivo.

O limite de vazamento admissível e selagem em dutos de insuflação, retorno e exaustão para ambientes de Níveis de risco 2 ou 3 devem ser projetados de acordo com o método proposto na ABNT NBR 16401-1.

Na norma citada encontraremos a nova orientação conforme segue:

Roteiro para definição da classe CL e responsabilidades:

O roteiro para definição da classe de vazamento das redes de dutos deve utilizar um dos métodos abaixo sugeridos:

A – Método 1 (analítico)

1) Para definição da classe de vazamento (CL) em condições de cálculo diferentes dos valores utilizados nas tabelas (teremos tabelas para 250, 500, 750, 1000, 1250 e 1500 Pa), proceda conforme a seguir:

a – definir a vazão de ar de insuflação da rede de dutos em L/s;

b – estabelecer o percentual de vazamento (Vz) a ser adotado para a rede de dutos;

c – calcular a área da rede de dutos em metros quadrados (m²);

d – dividir a vazão de ar de insuflação em L/s pela área dos dutos em m² para obter o valor de VNV;

e – estabelecer a pressão estática de trabalho do sistema (Pest) da rede de dutos;

f – Aplicar os valores acima definidos na seguinte Equação D.1:

CL = (Vz/100) x ((VNV x 1 000)/(Pest)0,65 ) (D.1)

2) Definida a classe de vazamento (CL), adotar um dos percentuais de dutos a serem ensaiados:

  1. a) classe de vazamento igual ou menor que 4, devem ser 100 % ensaiados;
  2. b) classe de vazamento maior que 5 e igual ou menor que 8 devem ser 50 % ensaiados;
  3. c) classe de vazamento maior que 9 e igual ou menor que 17 devem ser 30 % ensaiados:
  4. d) classe de vazamento maior que 18 e igual ou menor que 36 devem ser 20 % ensaiados;
  5. e) classe de vazamento maior que 37 não necessitam de ensaio.

Exemplo:

– Vazão de insuflação = 1 528 L/s

– Percentual de vazamento, Vz = 4 %

– Área de dutos = 190 m²

– Valor de VNV = 1 528 L/s/190 m² = 8,0 L/(s.m2)

– Pressão estática de trabalho = 500 Pa

CL = Vz/100 x VNV x 1 000/(Pest)0,65

CL = 4/100 x 8,0 x 1 000/(500) 0,65

CL = 5,63 (arredondando, adotamos 6)

Consultando esta Seção, obtemos que 50 % dos dutos devem ser ensaiados.

Assim, neste exemplo, 50 % da área de dutos serão ensaiados (95 m²), e deverão possuir um vazamento máximo de 4 % por trecho ensaiado.

B – Método 2 (sintético)

Para definição da classe de vazamento (CL) a partir das Tabelas (250, 500, 750, 1000, 1250, 1500 Pa) proceder da seguinte forma:

  1. a) selecionar dentre as Tabelas 250 Pa, 500 Pa, 750 Pa, 1 000 Pa, 1 250 Pa e 1 500 Pa aquela que expressar a pressão estática da rede de dutos. A nova norma ABNT NBR 16401-1 irá apresentar as tabelas nas pressões acima citadas. Como exemplo fornecemos a tabela de 500 Pa;
  2. b) selecionar na 1ª coluna vertical o valor que melhor representar a razão da divisão entre a vazão total de ar (L/s) de insuflação da rede de dutos pela capacidade frigorifica expressa em TR (toneladas de refrigeração);
  3. c) com o valor expresso em L/s/TR selecionar  o percentual de  vazamento a ser considerado (2 %, 3%, 4 %, 5 % ou 6 %) na rede de dutos;
  4. d) calcular a razão da divisão entre a quantidade de dutos expressa em metros quadrados pela capacidade frigorifica expressa em TR (toneladas de refrigeração);
  5. e) com a definição da Tabela 500 Pa, encontrar o valor da classe de vazamento (CL).
  6. f) com a definição da classe de vazamento (CL) consultar as NOTAS 3 a 7.

Exemplo de uso da Tabela 500 Pa:

– pressão estática da rede de dutos = 500 Pa

– capacidade frigorífica da instalação = 10 TR

– vazão de insuflação = 1 528 L/s

– razão da divisão entre a vazão de insuflação e a capacidade frigorífica = 1 528 L/s / 10 TR = 153 L/(s.TR)

– definir o percentual de vazamento 2ª coluna vertical = 4 %

– quantidade de dutos calculada em m² = 190 m²

– razão da divisão da quantidade de dutos em m² dividido pela capacidade frigorifica = 190 m²/10 TR = 19 m²/TR

Com o valor de 153 L/(s.TR), e o percentual de vazamento de 4 %, encontrar a classe de vazamento (CL) a partir da linha de 19 m²/TR e encontrar o valor de CL= 6.

Os procedimentos para obter-se a classe de vazamento no trecho do duto, utilizando-se as Tabelas são:

  1. a) dividir a vazão do trecho do duto em L/s pela capacidade térmica do trecho em TR e selecionar o resultado na coluna vertical da Tabela 500 Pa;
  2. b) selecionar o percentual de vazamento desejado no duto (2 %, 4 %, 6 %, 8 %, 10 %);
  3. c) selecionar a partir do projeto, a quantidade de dutos no trecho (de 10 kg/TR a 150 kg/TR).

Mário Sérgio de Almeida, diretor da MSA Projetos e Consultoria

Veja também :

Temperatura, umidade e distribuição do ar em ambientes hospitalares;

Sistemas dedicados de ar externo otimizam o consumo energético;

Limites para a aplicação de tecnologias para conforto em hospitais e a eficiência energética;

 

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