De tempos em tempos o ar-condicionado volta à baila na grande mídia. Nem sempre elogiosamente, pelo contrário. Agora, com a pandemia provocada pelo Sars-CoV 2, não tem sido diferente. Descobre-se o que os técnicos do AVAC insistem em dizer: se não é possível viver sem ambientes devidamente climatizados, é mandatório obedecer às normas quanto à renovação do ar e o tratamento do ar de recirculação.

“As principais medidas para combater a pandemia estão fora do âmbito do AVAC-R. São, ainda, distanciamento possível, uso de EPIs e máscaras, disciplina na higienização etc.”, começa Celso Cardoso Simões Alexandre, Presidente da Trox Américas, que incansavelmente defende os mesmos conceitos há mais de 4 décadas.

O que não significa que a indústria do ar-condicionado não tenha a contribuir com o combate à Covid 19, particularmente nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. “A Trox tem projeto de hospital de campanha usando containers que podem ser movidos de um lado para o outro em carretas. O projeto inclui não somente quartos para infectados mas, também, um pequeno centro cirúrgico, pequena enfermaria e quarto de recuperação anestésica”, informa Simões Alexandre.

Mas as contribuições da empresa vão mais longe. “Além do hospital transportável, aparelhos IAE-EX com ventilador e filtro HEPA para as duas versões de insuflamento e exaustão de ar, cabines de segurança biológica CLASSE II B2, e os já tradicionais fancoletes hospitalares FCDF-HS e FCDF-HSA, este último com filtros HEPA, podendo qualquer um deles, ainda , a pedido, ter lâmpadas germicidas UVC com potência de irradiação de 250 microwatts/ cm². Caixas de filtros HEPA de troca segura, conhecidas por BAG-IN, BEG-OUT são também disponíveis”, diz o presidente da Trox Américas.

Para quem necessita buscar referências para avançar soluções, Simões Alexandre diz que “a RENABRA 9 da Abrava é um bom guia do que pode ser feito em instalações de EAS existentes, à qual eu acrescentaria, aumentar a vazão de ar se possível, mas nossa visão indica que o que se disse em resposta à primeira pergunta é o principal”. E avança com outras recomendações: “A utilização de filtros HEPA, apropriadamente instalados e testados em fábrica na exaustão do ar das zonas contaminadas é um dos contributos, evitando a disseminação do vírus no ambiente. A aplicação de lâmpadas UVC nas serpentinas dos equipamentos EAS permitirá manter as serpentinas limpas, com isso, não diminuindo a vazão de ar insuflado e garantindo maior diluição. Repetindo, contar com equipamentos de filtração de ar, e na fase de recuperação, quando o doente já estiver sem o vírus, ter quartos com pressão positiva para evitar contaminação exterior”, finaliza ele.

Qualidade do ar e recuperação dos pacientes

Marcos Santamaria Alves Corrêa, consultor da Indústrias Tosi, explica que a qualidade do ar influencia diretamente no tempo de recuperação dos pacientes e na ocorrência de infecções hospitalares. “Deve-se manter sempre a renovação do ar com os índices de temperatura que podem variar de 21 a 23 graus, e a umidade do ar com variação entre 30% e 60%.  Devemos criar uma pressão negativa nos quartos de isolamento através da instalação de caixas de ventilação, que devem ser equipados com filtragem absoluta ISO 35 e filtro EPA 13 ou acima. Com esses equipamentos conseguimos reduzir bastante a carga viral. Os fatores apropriados para limitar a disseminação do vírus são o uso de EPIs, extremos cuidados nos ambientes com possível contágio de Covid-19 e tratamento e renovação de ar nas áreas em que os pacientes estão expostos.”

Santamaria alerta, ainda, que em se tratando de higiene, além dos serviços e produtos de limpeza e desinfecção já recomendados pela ANVISA, é recomendada a irradiação germicida Ultravioleta (UVGI), “uma tecnologia reconhecida que provou ajudar a fornecer desinfecção de superfície, lembrando que a desinfecção de ambientes através desta tecnologia requer potência de iluminação a ser calculada por profissional habilitado, em ambientes desocupados, e com utilização de EPIs apropriados, pois esta pode causar problemas de visão. Esta tecnologia UVGI também pode e deve ser utilizada no tratamento de serpentinas de resfriamento como forma de se evitar a formação de biofilme e crescimento de vírus e bactérias dentro dos equipamentos de climatização dos ambientes, lembrando novamente do cuidado essencial de se desligar esta luz quando da abertura do equipamento para manutenção.”

Obviamente, não há qualidade do ar sem sistemas de ventilação eficientes. “Apesar de ainda não ser reconhecido totalmente pela OMS, tem uma forte indicação que os aerossóis têm um papel maior na disseminação do novo coronavírus do que as autoridades inicialmente imaginaram. Por isso, nos protocolos de reabertura na Alemanha a renovação e tratamento de ar em ambientes fechados tem um papel de destaque e as diretrizes de outros países Europeus estão indo na mesma direção. Num ambiente de assistência à saúde eu diria que os sistemas de ventilação têm um papel ainda mais importante. Neste caso é preciso pensar em soluções que evitem a contaminação de migrar de um ambiente para o outro, ou seja, é preciso trabalhar com fornecimento de ar externo, diferenças de pressão e filtragem do ar”, argumenta Robert van Hoorn, diretor da Multivac Ventilação.

Ventilação e exaustão

Segundo o diretor da Multivac, “o melhor recurso que podemos disponibilizar é um sistema de ventilação que garanta a segurança de todo mundo, usando ventiladores, filtros, dutos e grelhas/difusores e, também muito importante, conhecimento técnico. No caso da Multivac, nos envolvemos em vários projetos de ventilação em hospitais e hospitais de campanha e, dependendo da situação e necessidade, foram usados diversos produtos da nossa linha. Como muitos destes hospitais foram adequados com urgência, e o fato de a maioria dos produtos serem de pronta entrega, ajudou muito na rapidez de entrega destas instalações. Fornecemos bastante ventiladores em linha (axial e centrifugo) das séries Turbo e AXC para a ventilação individual de cada leito, mas, também fornecemos ventiladores maiores das linha CVM e VXM para uso de sistemas centrais e acoplados a módulos de filtragem com filtro, alguns filtro G3 e F5, e outros com filtro HEPA.”

Um recurso para evitar que a contaminação passe de um ambiente para o outro é a diferença de pressão. “Num projeto de hospital de campanha que a Multivac participou ativamente desde a concepção, foi em Campinas. Neste hospital foi feito uma tenda dentro do ginásio para abrigar os pacientes. Foi usado um sistema de cascata de pressão em que o ar externo é injetado nos corredores e em cada quarto é feita a exaustão do ar, criando assim uma cascata de pressão e o fluxo do ar sempre do corredor para o quarto. Pela proximidade do hospital de campanha com residências em seu entorno, existiu uma preocupação grande de não descartar o ar contaminado direto na atmosfera, para o que foi providenciada uma unidade tratamento de ar na descarga com filtros HEPA”, conclui van Hoorn.

Filtragem do ar

Vinícius M. Fernandes, engenheiro da Aeroglass, recomenda que, em se tratando de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, sejam observadas as disposições da NBR 7256:2015, garantindo a qualidade do ar para cada ambiente especifico. “Além da norma citada, está em vigor a lei federal 13.589 de 2018, que torna obrigatória a manutenção de ar-condicionado instalado em edifícios coletivos, privados e públicos, como hospital e outros da área de saúde”, afirma.

Fernandes alerta para a necessidade de observar o correto funcionamento dos sistemas de AVAC para que, além de evitar contaminações, aumentar a vida útil dos dispositivos, preservando a saúde dos indivíduos que os usufruem. “Os filtros de ar utilizados em AVAC são fundamentais neste ponto, já que são os responsáveis pelo desempenho correto do sistema e pelo controle de contaminação do ar no ambiente. Filtros de ar possuem a função de reter partículas indesejadas em determinadas situações. Os locais e usos de filtros de ar são variados, alguns exemplos podem ser listados como proteção em procedimentos cirúrgicos, Unidades de Tratamento Intensivo, segurança ambiental, qualidade de vida (indoor air quality), sendo essenciais para instalações hospitalares.”

“Pacientes infectados precisam estar em um ambiente controlado, respirando o ar devidamente tratado. Desta forma é possível controlar a disseminação do vírus e evitar que demais vírus ou bactérias contaminem o paciente. Assim sendo, mais uma vez o controle da qualidade do ar é essencial, e um sistema de AVAC projetado corretamente, com a devida filtragem e controles, será capaz de garantir essas condições. O principal aliado no controle de disseminação do vírus são os filtros absolutos (High Efficiency Particulate Air Filter). Com alta eficiência de filtragem, 99,97% para partículas de 0,3 µ, por exemplo, os filtros absolutos são capazes de restringir a passagem de vírus e bactérias em ambientes.  Vale lembrar que para o correto funcionamento do sistema, é necessário um dimensionamento para tal e, também, a devida manutenção tanto do sistema como dos filtros nele presente”, conclui Fernandes.

Da redação

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