Pedro Evangelinos

Assim como empenhou-se pela criação da escola dedicada à refrigeração e ar-condicionado, agora Pedro Evangelinos abraça, com sucesso, o projeto de sua revitalização e ampliação

Pedro Evangelinos, Presidente do Conselho de Administração da Abrava, do Sindratar e do Conselho Técnico Consultivo da Escola Senai Oscar Rodrigues Alves, começou sua vida associativa em 1977, ocupando um cargo na diretoria do Sindratar-SP. Ao longo desses 45 anos, continuou a colaborar com as entidades do setor na condição de Presidente da Abrava, em concomitância com o Sindratar, entre 2001 e 2004, e do Sindratar de 1989 a 1992. Esteve, ainda, à frente do Instituto Brasileiro do Frio (IBF) no biênio 1990-1992. Como delegado representante do setor na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sua ficha de serviços não é menor.

Evangelinos sempre exerceu seu voluntariado com entusiasmo. E talvez nenhuma tarefa lhe trouxe tanta realização quanto aquela desempenhada junto ao Senai. Pouca gente talvez saiba que se existe uma escola dedicada ao AVAC-R, em sua origem está a mão de Evangelinos.

Corria o ano de 1989, quando a Fiesp era presidida por Mario Amato e o Conselho Estadual do Senai era encabeçado por Carlos Eduardo Moreira Ferreira, que viria a suceder o primeiro na Presidência da Federação do empresariado industrial paulista. Quem conta é Evangelinos.

“Eu entrei na sala do Carlos Eduardo, creio que em 89, e disse a ele que o setor da refrigeração, ar-condicionado e aquecimento precisava de uma escola dedicada. Expliquei que tínhamos cursos bastante espalhados que de certa forma atendiam apenas a parte da refrigeração doméstica. Ele disse: ‘Pedro, o Senai não tem recursos, mas tem uma escola com cerca de cinco atividades, como marcenaria, solda etc. Eu vou transferir essas atividades e te fornecer uma escola com cinco mil metros de área construída, com uma condição: o setor de vocês equipa a escola, nós não temos recursos.’ Eu disse que estava fechado. Ele, então, chamou a secretária e instruiu: ‘Faz um memorando entre o Senai e a Abrava que o Evangelinos vai assinar.”

Dois anos depois era inaugurado o curso de refrigeração e ar-condicionado da Escola Senai Oscar Rodrigues Alves, onde encontra-se uma placa com Mário Amato, dentre outras autoridades, como Moreira Ferreira, o presidente da Abinee e o próprio Evangelinos. “Aí nasce a escola para refrigeração e ar-condicionado. Eu me engajei, já a partir de 89, junto aos associados, cumprindo o compromisso assumido. E fizemos um trabalho de primeiríssima linha”, enfatiza Evangelinos.

“Eu assumi o compromisso e tive o apoio de todo o setor. O empresário percebeu que aquela escola poderia formar bons profissionais que ele carecia e carece até hoje. Eu tive, recentemente, a oportunidade na Apas e na Tecnocarne de conversar com empresários da refrigeração comercial e industrial, e, na Eletrolar, conversar com empresários do ar-condicionado residencial. O que eles me disseram é que o setor é extremamente carente de mão de obra. E é verdade, se você observar o nível de empregabilidade do curso técnico de Refrigeração e Ar-condicionado é de 90,8%, é o primeiro a nível nacional! O segundo é Mineração com 86,5%, o terceiro é Energia, com 84,8%.

“A partir de 1993 nós criamos o Conselho Consultivo da Escola. Eu estive neste conselho por 14 anos e depois veio a gestão do (José Rogélio) Medela que simplesmente impediu que houvesse reunião do Conselho, porque eu estava presente. Uma coisa de maluco! Quando o (Carlos Eduardo) Trombini veio me pedir o apoio para a sua candidatura à Presidência do Sindratar, eu respondi que apoiaria. Ele perguntou qual cargo eu gostaria de ter, se a vice-presidência, a delegação junto à Fiesp, ou o quê? Eu respondi: a única coisa que eu quero é voltar a ser presidente do Conselho Acadêmico da Escola Senai Oscar Rodrigues Alves”, continua Evangelinos.

Uma ampliação de quase 50% da capacidade atual

Assim como no final da década de 1980 houve uma provocação junto a Carlos Eduardo Moreira Ferreira, agora coube uma provocação a Josué Gomes da Silva, atual Presidente da Fiesp. “Eu levei a história da Escola, em especial do Conselho, que já existe há 30 anos, o número de empresários que participaram dessas reuniões; mostrei as manifestações de presidentes de Ashrae e Ahri que, a cada vez que vêm ao Brasil querem visitar a Escola, depoimentos do Presidente do Instituto Internacional do Frio, quando da visita à Escola, e disse a ele: Estamos estrangulados por falta de espaço para salas e laboratórios para formar mais alunos. Ele olhou para mim e falou, ‘tem todo meu apoio’. Estávamos sentados eu, ele e o Ricardo Terra, Diretor Regional do Senai São Paulo. ‘Vou pedir para o Terra levar para a reunião do Conselho Estadual para acontecer.’

“Ele perguntou, então, por que isso não havia acontecido antes. Eu respondi que o problema não era com a gestão do Paulo Skaf. Eu tive dois presidentes do Sindratar que entendiam que se isso fosse feito, seria um benefício pessoal para mim. Eu falei isso na frente do Terra, e quando eu fui à Escola, repeti a mesma coisa. Isso não saiu há 10 anos porque Medela e Trombini, orientados pelas moças que os cercavam, que diziam que se fosse feito eu, o Presidente do Conselho, mesmo não fazendo reuniões, é quem iria ficar com todos os louros. Um grande engano, os louros são do setor do AVAC-R e dos formandos da Escola.

O Josué falou uma coisa que eu achei legal: ‘Pedro, eu já percebi que quem gosta de você é por falar a verdade e quem não gosta, é pelo mesmo motivo’. Eu respondi a ele: seu papai era assim.”

Evangelinos justifica a ampliação. Trata-se de um curso técnico de ar-condicionado e refrigeração, não Medicina, por exemplo. São 23 candidatos para uma vaga no curso noturno. Significa dizer que se fosse atendida toda a demanda, a escola estaria formando não 240 técnicos por ano, mas, sim, esse número multiplicado por 23.

O Presidente do Conselho Técnico Consultivo  da Oscar Rodrigues Alves dá outra razão, além da formação de mão de obra, para realçar a importância da Escola: o desenvolvimento de tecnologia. “Nós, na RAC Brasil, desenvolvemos junto com o Senai, a RAC Box, um sensor de temperatura que fica conectado numa câmara frigorífica, ou outro sistema de refrigeração, que através de uma rede Wi-Fi envia para o celular em tempo real temperatura interna, temperatura externa, pressão de sucção, pressão de evaporação do sistema e o fluido refrigerante que está trabalhando. Isso permite ao dono da instalação saber que os produtos estão numa conservação adequada e, se houver algum problema, permite ao técnico que fez a instalação identificar qual é ele. Por vezes, a instalação está a 150 quilômetros da casa do técnico, então, ele já sai com 90% de possibilidade de poder acertar o que precisa ser feito. Ou seja, o Senai vai poder auxiliar muito mais no desenvolvimento e aperfeiçoamento de produtos.”

O benefício não se resume à cidade de São Paulo e, tampouco, ao estado. “Essa ampliação da Escola vai ser feita com um sistema de compartilhamento em tempo real de programação, alteração, digitação e inspeção de todos os equipamentos que estiverem eletronicamente ligados a outras unidades do Senai, não necessariamente em São Paulo. Trabalhará com o conceito de realidade virtual/aumentada em instalação e manutenção em sistemas e equipamentos de refrigeração e climatização. O que eu quero dizer é que o curso ministrado no Senai aqui em São Paulo, poderá ser acessado de forma interativa por uma unidade no Acre, por exemplo, desde que ela possua uma boa internet. O aluno tem aula teórica na unidade de origem e utiliza os laboratórios em realidade virtual. Já existe tecnologia que permite isso e que estará disponível no final do ano que vem quando será concluída a ampliação.”

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