A discussão sobre o aquecimento global e a destruição da camada de ozônio tem sido cada vez mais aprofundada, trazendo a necessidade de adotarmos novas soluções em diversas frentes, inclusive no setor de AVAC-R. Dentro desse contexto, em 1987 foi assinado o Protocolo de Montreal, cuja meta previa a eliminação das substâncias que destroem a camada de ozônio. Seguido a ele, em 1997, foi assinado o Protocolo de Kioto, tratado internacional em que os países signatários se comprometeram a reduzir as suas respectivas emissões de gases de efeito estufa na atmosfera. Como continuação do Protocolo de Montreal, em 2016, diversos países assinam a Emenda de Kigali, que estabelece um prazo para a redução de hidrofluorcarbonos (HFCs) e hidroclorofluorcarbonos (HCFCs).

O Brasil é signatário de todos esses acordos, tendo a Emenda sido aprovada no parlamento brasileiro em agosto de 2022, devendo haver a redução gradativa do uso desses chamados gases fluorados, substituindo-os por outros que não contribuam para o aquecimento global, com redução da demanda em 80% até o ano 2045.

Como os HFCs e HCFCs são especialmente utilizados como fluidos refrigerantes, surgiu a necessidade de desenvolvimento de novos fluidos refrigerantes menos nocivos ao efeito estufa, o que impacta as práticas do setor de Ar-Condicionado, uma vez que especialmente o HCFC (R‑22) é o principal fluido utilizado em instalações e sistemas de climatização e refrigeração. Destaca­‑se que o impacto desses fluidos no efeito estufa ocorre exclusivamente quando há vazamento nos sistemas.

Para o desenvolvimento de novos fluidos refrigerantes, os chamado fluidos não halogenados, diversos desafios são relacionados, com destaque para:

Regulações exigem redução do GWP gradual de no máximo 1.400 (Califórnia) até 2.500 (Europa);

Preservar a eficiência energética e performance dos sistemas;

Impacto na segurança dos sistemas: inflamabilidade e toxicidades;

Facilidade de acesso aos fluídos refrigerantes;

Custos de instalação e mão de obra especializada de manutenção;

Compatibilidade com os sistemas já existentes e possibilidade de retrofit.

Há muitos anos já está consolidado também o uso dos chamados fluidos naturais, especialmente para refrigeração, como amônia. Apesar de serem uma boa solução do ponto de vista ambiental, há desafios relacionados ao uso desses fluidos, especialmente pelas necessidades de adoção de medidas de segurança dos profissionais e ocupantes das plantas a serem consideradas nas etapas de projeto, instalação e manutenção, muitas vezes carecendo as equipes técnicas de conhecimentos necessários. Além disso, o custo de implantação relacionado é bastante elevado.

Por último, destaca-se que quando se pensa em impacto ambiental, devemos considerar a cadeia como um todo, desde a produção inicial até a operação pelo cliente final. Assim, outras medidas devem ser consideradas na eficiência energética dos sistemas.

Comitê de artigos técnicos Smacna Brasil

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