A COP29 – Conferência das Nações Unidas para o Clima, realizada em Baku, no Azerbaijão, fechou em meio a opiniões divididas e, em 2025, será nossa vez de recebermos uma COP. A COP30 será realizada em Belém do Pará, com expectativa de receber mais de 50 mil visitantes, colocando o tema como uma pauta constante em nossas agendas empresariais e pessoais.  

A partir desta edição, a Revista Abrava+Climatização & Refrigeração terá uma coluna permanente sobre o caminho até a COP30 e os temas que relacionam a agenda do clima ao AVAC-R. Com a contribuição do DN Meio Ambiente da Abrava, esperamos contribuir para esta jornada de sustentabilidade para o setor.  

A cada ano as COPs tornam-se mais complexas em termos de assuntos tratados, mas sempre há objetivos principais que marcam cada edição. Em 2024, em Baku, o ponto central das negociações foi o financiamento climático, frente a escalada dos impactos dos eventos climáticos extremos em todo o mundo. 

Um dos pontos mais importantes alcançados nesta COP foi o restabelecimento das bases que definem o mercado de carbono mundial, uma discussão que se arrastava há 9 anos. Para o Brasil, o momento foi ideal, pois, nossa lei de mercado regulado de carbono aguarda a sanção presidencial e por termos apresentado novas metas de descarbonização (NDCs) sobre as quais será possível definirmos o que será a descarbonização acima da meta, que permitirá a criação dos créditos. Ainda é o início, mas a estrutura está montada para que o país possa capitalizar mais este recurso. 

O segundo ponto de destaque foi a criação das diretrizes de adaptação às mudanças do clima, que permitirá um nivelamento das ações e a facilitação do financiamento. Novamente o Brasil está na vanguarda, pois, atualmente, o Plano Nacional de Adaptação está em consulta pública e sua elaboração certamente considerará as diretrizes hora firmadas. Na prática, é uma mudança importante para as nações assumirem ações diferentes das atualmente adotadas, o que certamente reduzirá perdas e mortes causadas pelo avanço da mudança do clima. 

Por fim, o principal ponto de debate: o financiamento climático. Os países desenvolvidos tinham uma meta de 100 bilhões de dólares anuais para um fundo de combate às mudanças do clima, raramente alcançada. A mais recente atualização do custo do impacto das mudanças climáticas mostrou que este atraso e inação custou caro, agora serão necessários 1,3 trilhão de dólares anuais para conter e corrigir os danos das mudanças do clima. O acordo alcançado após mais de 30 horas extras de negociação chegou a um piso mínimo de 300 bilhões de dólares ao ano, até 2035, e o desenvolvimento de um roadmap sobre como alcançar a marca de 1,3 trilhão de dólares/ano.  

Sob o ponto de vista de que seriam necessários 1,3 trilhão de dólares, bem mais do que os 300 bilhões prometidos, a COP29 tem sido criticada pela baixa ambição dos países ricos. Isso se agravou com a divulgação dos valores aportados para as guerras em curso, que superam o necessário ao enfrentamento da crise climática e o custo de reconstrução de infraestruturas após a passagens de alguns dos furacões deste ano, que superaria os 300 bilhões de dólares.

Mas sob um olhar otimista, temos agora 3 vezes mais recursos para as ações e mantivemos vivas tanto a meta de 1,5oC de elevação máxima da temperatura até o final deste século, quanto a confirmação que o multilateralismo – esta forma democrática de construir compromissos globais – ainda que lenta e trabalhosa, segue exitosa, na direção correta e resiliente às investidas contrárias de organizações e até países contrários ao sistema atual. 

Para a COP30, em 2025, o Brasil, enquanto presidente da conferência, deverá impulsionar mais energia na sensibilização para o alcance de novas metas e compromissos mais ambiciosos por parte dos países membros do acordo. Como vem sendo falado, será a última chance de apresentarmos metas ambiciosas o suficiente para contermos a elevação da temperatura média do planeta em 1,5oC. Claro que esta ambição se refletirá no setor empresarial. Além disso, o Brasil deve trazer mais foco na justiça climática, medidas de adaptação mais eficazes e no avanço sobre o financiamento climático. 

Nas próximas edições, traremos um pouco mais sobre a agenda AVAC-R nas COPs, os compromissos pelo clima que estão diretamente ligados a nosso setor e a história das COPs, que estão intimamente relacionadas ao Brasil, desde a Eco92. 

Thiago Pietrobon é presidente do DNMA e esteve acompanhando, pela Abrava, as negociações na COP29

 

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