Quando falamos de ambientes com ar-condicionado, principalmente ambientes de uso público e coletivo, um item está ganhando a importância do consumidor final, alavancado pelo período de pandemia que estamos vivendo. A renovação de ar tem se tornado o item mais procurado pelo consumidor quando tratamos de condicionamento de ar; está ficando claro que é necessária a renovação de ar em ambientes fechados para diluir a concentração de contaminantes químicos e biológicos.

Há anos projetistas, instaladores e fabricantes entram em brigas com o cliente final quando tentam aplicar os conceitos de ar-condicionado em suas obras, que por definição condiciona o ar em temperatura, umidade, velocidade e renovação de ar, a fim de garantir a sua pureza. Por desconhecimento do público final, o conceito do ar-condicionado se tornou apenas conforto térmico, sendo a renovação de ar um dos primeiros itens a serem retirados  do projeto ou item de fornecimento dos instaladores.

Em época de pandemia, as recomendações feitas pelas entidades do setor de AVAC para os sistemas de condicionamento de ar, estão desde o aumento da taxa de renovação de ar para a máxima permitida pelo sistema, até o aumento da classificação de filtragem do sistema de ar-condicionado e renovação de ar. Com atenção e cuidado no fato de aumentar a qualidade da  filtragem, pois essa ação implica diretamente na vazão final do sistema de ventilação, em muitos casos tornando o sistema ineficiente por conta da alteração da pressão estática.

Um dos principais parâmetros utilizados para análise da eficiência ou existência do sistema de renovação de ar é o Dióxido de Carbono (CO2) presente nos processos do nosso sistema respiratório: através da contração do diafragma e dos músculos a inspiração promove a entrada de ar dentro do organismo.  O ar inspirado contém cerca de 20% de oxigênio e apenas 0,04% de gás carbônico. Através do relaxamento do diafragma e dos músculos intercostais, a expiração promove a saída de ar dos pulmões. O ar expirado contém 16% de oxigênio e 4,6 % de gás carbônico.

A respiração correta gera uma série de benefícios ao organismo ao produzir pressões no ventre que atuam de forma eficiente e direta melhorando a digestão. Também contribui para eliminar as toxinas que se formam no corpo, modificando os resíduos, equilibrando as funções orgânicas e ajudando no fortalecimento de organismos debilitados. O que torna a qualidade do ar interno extremamente importante para nossa saúde, uma vez que qualquer alteração na composição ideal, como, alteração da concentração de CO2 ou a presença de compostos orgânicos voláteis (VOCs)  no ar interno afeta diretamente a nossa saúde, além de influenciar  diretamente o desempenho cognitivo do ser humano, que produz menos com a falta de oxigênio.

Seguindo sempre as recomendações e normas, como a NBR 16401/3 : Qualidade do Ar Interior, Resolução RE-09 da ANVISA ou ASHRAE 62.1, o cálculo de renovação de ar leva em consideração o ambiente com as atividades internas, a quantidade máxima de pessoas e em alguns casos a qualidade do ar interno e externo do local. Desta forma é possível calcular a taxa de renovação necessária para a quantidade de pessoas que frequentam o ambiente.

Sensor de CO2

A dinâmica de escritórios, lojas, salas de aula, entre outros, muda com frequência o total de pessoas no decorrer do dia, deixando o sistema de renovação de ar muitas vezes superdimensionado para determinados períodos de tempo, resultando em uma elevação na carga térmica e trabalho desnecessário do sistema de ar-condicionado para suprir o ar externo em excesso. Sensores de CO2  estão sendo desenvolvidos de modo a comunicar de maneira simples e direta com o sistema de renovação de ar, adaptando-se às necessidades do mercado sem elevar o custo de implantação do sistema e diminuindo o custo de operação.

O CO2 interno é o principal parâmetro dos níveis de renovação de ar, sendo assim, o controle da taxa de renovação no ambiente, levando como referência a alteração  dos níveis internos, é um bom caminha para promover a renovação de ar por demanda.

Controles de renovação de ar, por sensor de CO2, VAV, automação ou controle de acesso, devem sempre manter uma taxa mínima de renovação de ar, uma vez que existem outros contaminantes presentes no ambiente interno. O mercado do ar-condicionado para uso não residencial deve se adaptar para o cumprimento das normas, recomendações e boas práticas do setor, pois só desta forma será possível quebrar paradigmas, preconceito e principalmente informações equivocadas dos meios de comunicação sobre a forma que um sistema de ar-condicionado opera.

André Zaghetto Almeida, engenheiro e consultor da Sicflux

 

 

 

 

 

 

 

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