A responsabilidade do instalador de ar-condicionado e refrigeração é grande. Além de manter a qualidade e durabilidade dos sistemas, a observância dos procedimentos adequados pode levar ao consumo racional de energia, fundamental para os destinos do meio ambiente.

Por exemplo, o vácuo dos sistemas. “O vácuo é uma das principais funções no sistema de refrigeração, existem várias situações que exigem a realização do vácuo, como uma manutenção, quando retiramos o fluido refrigerante do sistema, uma infraestrutura para instalação dos equipamentos ou até mesmo uma simples instalação que chamamos “parede com parede”. Sempre frisamos aos nossos clientes que fazer vácuo não é perda de tempo, mas sim a garantia do bom funcionamento do sistema”, diz Paulo Vitor Dalla Torre, especialista em refrigeração da Vulkan do Brasil, Divisão Lokring.

Jorge Lameira, diretor da Symbol Tecnologia de Vácuo, explica que sempre que houver necessidade de manutenção do sistema frigorifico ou de refrigeração é necessário realizar o vácuo. “O vácuo torna-se necessário para que se possa desidratar o sistema e assim evitar oxidação interna, desgaste prematuro e consequentemente alto custo de manutenção corretiva. Um serviço de vácuo malfeito provocará alto consumo energético pelo sistema de refrigeração/frigorifico, pois os compressores trabalham tempo demais ligados e não há capacidade de gerar frio conforme o projeto. Isto está em todos os manuais dos fabricantes de sistemas de refrigeração/frigoríficos, que incluem as regras e normas de cada um para com o nível de vácuo necessário antes da carga de gás e startup do sistema.”

Como realizar o vácuo

Para realizar o vácuo, Lameira insiste que é necessário respeitar as instruções do fabricante do sistema. “Sempre deve-se recolher o fluido refrigerante, com a finalidade de evitar danos a natureza, como regra básica. Após iniciar processo de evacuação através das conexões próprias em cada sistema, a bomba de vácuo irá efetuar a desidratação do mesmo e consequentemente puxar possível residual de fluido/gás refrigerante. Isto fará com que o lubrificante fique contaminado, sendo obrigatório seguir o manual operativo da bomba com relação as trocas de óleo e outras particularidades, cada fabricante tem sua própria regra.”

“A bomba de vácuo deverá possuir uma válvula na linha de evacuação para poder isolar o circuito a qualquer momento. Também deverá ser conectado à linha de evacuação entre válvula e circuito um medidor de alto vácuo que permita apresentar os valores pré-determinados para evacuação. Quando se iniciar o processo de evacuação e o medidor apresentar um determinado valor, isso não significa que este valor esteja presente em todo o circuito, pois há que se considerar a impedância do mesmo em toda a sua tubulação. Assim sendo, quando o medidor apresentar um valor determinado – por exemplo 500 microns – deverá fechar a válvula da linha de evacuação e acompanhar o aumento gradual da pressão até se estabilizar, normalmente em 30 minutos, o valor apresentando será o vácuo real do sistema. Em seguida, abrir a válvula de evacuação até ser atingido o nível de vácuo desejado, repetindo a operação algumas vezes até que o nível de vácuo estabilizado seja o desejado e, assim, o circuito ficar na condição ideal para receber o gás, se não existirem vazamentos”, adiciona o diretor da Symbol.

Jorge Lameira explica que o vapor de água existente nos circuitos – principalmente os que forem abertos – em níveis superiores a 3 miligramas tenderá a congelar nas passagens estreitas dos circuitos (capilares e/ou válvulas de expansão), obstruindo o fluxo de gás e exigindo maior esforço dos compressores, sem grande eficiência de refrigeração. “Também o ar existente – não sendo condensável – tende a estacionar na zona de alta pressão dos circuitos, diminuindo assim a troca térmica do vapor condensante e prejudicando o desempenho geral do sistema de refrigeração. Além dos problemas acima expostos, há ainda que se considerar que a presença do oxigênio poderá reagir quimicamente com o fluido refrigerante, umidade e, assim, provocar oxidação e corrosão progressiva de todo o circuito, inutilizando todo o conjunto em médio prazo.”

Dalla Torre diz que para a realização do vácuo o técnico deverá possuir uma bomba de vácuo, um vacuômetro e mangueiras de boa qualidade. “Tendo isso, o procedimento é relativamente simples. Basta fazer a interligação entre o equipamento e a bomba de vácuo e acompanhar o desempenho pelo vacuômetro.”

Escolha do equipamento

Para a escolha do equipamento ideal, o especialista da Vulkan recomenda que, primeiramente, o técnico deve definir a capacidade de CFM de acordo com o seu segmento. “Se o profissional trabalha com tubulações grandes, por exemplo, uma bomba de 5CFM não vai atender, então é muito importante saber a capacidade do instrumento. O segundo passo é optar pela bomba de duplo estágio para garantir o vácuo correto, dentro das normas exigidas, principalmente com relação à desumidificação do sistema. O terceiro passo é a escolha pela marca da bomba de vácuo. Hoje sabemos que existem diversas marcas no mercado, mas às vezes algumas marcas não entregam a eficiência divulgada e isso acaba atrapalhando o desempenho do técnico. O último ponto é verificar o pós-venda e ter a certeza de que a empresa tem uma assistência técnica eficaz, caso a bomba de vácuo venha a dar algum problema técnico.”

Reforçando a recomendação, Lameira diz ser “fundamental que se possua uma bomba de alto vácuo que poderá ser de simples ou duplo estágio de bombeamento, desde que suas características técnicas permitam produzir níveis de vácuo melhores que 0,1 Torr. = 0,1mmHg, ou seja, uma pressão residual absoluta menor que 100 microns. Em teste nos laboratórios Symbol, constatamos que as bombas de duplo estágio são mais rápidas ao desidratar os circuitos, entretanto, a escolha deverá ser efetuada em função dos valores de investimento.”

“Sempre escolher equipamentos de vazão compatível com o sistema de refrigeração. Temos recebido várias bombas de até 10 CFM com danos irreversíveis porque os clientes usam as mesmas para sistemas grandes, chillers, VRF e outros. Além do tempo demasiado em evacuar o sistema, as bombas não são projetadas para este tipo de serviço, tendo muita dificuldade em atingir pressão residual pré-estabelecida pelo fabricante do sistema de refrigeração. Sempre analisar a qualidade do nível de vácuo da bomba, antes de iniciar o processo de evacuação, para assim evitar perda de eficiência, perda de tempo e, consequentemente, perda de dinheiro”, recomenda ele.

“Sem querer entrar em cálculos eminentemente técnicos, podemos dizer que, na sua prática, é necessário atingir uma pressão residual absoluta, dentro dos circuitos de refrigeração – devidamente estabilizada – abaixo de 1 Torr, ou seja, abaixo de 1000 microns, para que a quantidade de vapor de água fique abaixo de 3 miligramas. Entretanto, quanto menor for a pressão residual, vácuo, no circuito, menores serão as quantidades de oxigênio, ar e vapor de água, o que resultará em melhor desempenho de todo o sistema, com alto poder de refrigeração, baixo consumo energético e sem a necessidade de manutenções constantes”, completa o diretor da Symbol.

Interligação de tubulações e carga de gás

Também a interligação entre tubos não pode ser negligenciada. “É preciso observar se as dimensões das tubulações estão corretas de acordo com o que cada fabricante pede e exige e, principalmente, saber fazer uma excelente flange, com flangeador de qualidade para que não ocorra nenhum vazamento”, diz Dalla Torre.

O especialista da Vulkan alerta, também, para a necessidade de observar a quantidade que o equipamento pede de fluido refrigerante, sendo que o ideal é que o técnico possua uma balança para observar a quantidade precisa, “uma vez que, por outros método, a temperatura interfere na quantidade. Após a inserção por peso, basta observar as pressões e funcionamento do equipamento.”

Passo seguinte, ainda segundo Dalla Torre, é verificar o funcionamento do equipamento e também as pressões. “Se os sintomas indicarem um possível vazamento, o mais indicado é o técnico ter um detector de vazamento para que o diagnóstico seja precisamente localizado e reparado.”

Equipamentos necessários para uma instalação de qualidade

Tags:, , , , , ,

[fbcomments]