O RENABRAVA 5 traz na Tabela 1, página 16, a Classificação dos Grupos de Segurança dos Fluidos Frigoríficos, classificando-os de A1 a A3, sendo A1 não inflamável e A3 inflamável. Os hidrocarbonetos, em geral, são classificados como A3 e demandam toda a atenção no seu manuseio, envolvendo ações específicas de projeto, produção, instalação, operação e manutenção. A mitigação dos riscos com ações específicas para o trabalho com fluidos A3 torna seu uso seguro.

O risco no uso de hidrocarbonetos está em permitir que ocorra a ignição deste fluido, motivo pelo qual todas as ações, do projeto à operação e manutenção, têm por objetivo eliminar as possibilidades da ocorrência desta ignição.

A primeira ação de um projeto com hidrocarbonetos é ter por objetivo o uso da menor quantidade possível em cada sistema de refrigeração. Atingido o objetivo inicial, tem-se que demandar atenção a todos os componentes aplicados na região descrita como zona de risco, àquela onde existe a possibilidade da presença do hidrocarboneto decorrente de um vazamento. Tais componentes não podem ser a fonte de calor que possa gerar a ignição. Respeitadas estas condições, as demais referem-se ao monitoramento de segurança na ocasionalidade de um vazamento, como alertas e ações específicas de desligamento de energia elétrica e acionamento de sistemas de ventilação. Por fim, o controle de acesso ao local da instalação e a capacitação profissional fecham as medidas de prevenção.

O R744, ou CO2, é um fluido refrigerante que trabalha com pressões mais elevadas do que outros comumente utilizados na refrigeração comercial ou industrial. Enquanto projetos com R404A são executados com pressões de trabalho de 25 bar, o R744, em um sistema transcrítico, vai exigir 120 bar no lado de alta do sistema. No lado de baixa, 60 bar. Ou seja, em qualquer parte do sistema, pressões muito mais elevadas que as de sistemas com HFCs. Os cuidados neste tipo de instalação também começam no projeto, quando todos os componentes e partes dos equipamentos têm de estar dimensionados para as pressões de trabalho correspondentes a cada parte do sistema, além da obrigatoriedade da aplicação de válvulas de segurança em diversos pontos. Outra atenção, fora do sistema de refrigeração, é a necessidade de monitoramento da presença de R744 nos ambientes confinados onde este circule, como uma câmara frigorífica, por exemplo. Caso haja um vazamento dentro desta câmara, tem-se que sinalizar a presença do CO2 para evacuação do local.

Os componentes de um sistema que utiliza hidrocarbonetos, e que estejam presentes na zona denominada como zona de risco, aquela que existe a possibilidade de ter a presença de hidrocarboneto decorrente de um vazamento, devem ser especificados como seguros para esta aplicação e não devem ser susceptíveis de causar risco de explosão.

Respeitadas as condições de projeto e instalação já citadas, um sistema de CO2 exige prevenções contra falta de energia elétrica, ou fechamento de partes do sistema, que, se ocorrerem por um tempo longo, pode proporcionar um aumento das pressões internas em função do equilíbrio de temperatura do fluido com o meio externo, resultando na abertura das válvulas de segurança e perda do CO2, exigindo sua reposição.

Rogério Marson Rodrigues, Gerente de Engenharia da Eletrofrio

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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