Instalações comerciais leves de ar-condicionado não raro são executadas por técnicos MEI. Ainda que esses não possuam uma estrutura robusta, têm, muitas vezes, uma significativa influência junto ao cliente final. Isso faz com que as suas responsabilidades cresçam, tanto para a fidelização do cliente, quanto para a manutenção da qualidade do ar interior.

Objetivando atender as expectativas do cliente quanto a manutenção das condições de conforto térmico, é imprescindível que o instalador oriente o usuário final. Segundo Rafael Dutra, Coordenador de Aplicação da Trane, algumas delas são: 1) manter a manutenção recomendada pelo fabricante em dia, desde a troca de filtros até a limpeza periódica de serpentina e bandeja de dreno, 2) garantir que os equipamentos operem em ambientes fechados com portas e janelas fechadas, 3) não utilizar setpoint de temperaturas excessivamente baixos.

Dutra valoriza, sobretudo, adequadas taxas de renovação do ar. “Inicialmente, o projeto deve ser feito por um profissional qualificado que compreenda as normas do setor e escolha os equipamentos adequados para o fornecimento destas taxas de renovação. Após isso, seria similar a questão anterior, uma boa manutenção dos filtros e verificar a condição de ventiladores e as tomadas de ar para que não haja obstruções, e verificar se há necessidade de limpeza dos dutos que conduzem esse ar.”

Caixa de ventilação com sistema de monitoração de controle da Multivac

“As taxas de renovação de ar têm uma grande influência no consumo de energia da instalação e, com certeza, precisam de atenção. As taxas consideradas ideais têm oscilado em função de necessidades de momento, reduzindo quando há ameaça de escassez de energia (crise do petróleo, crise hídrica) e aumentando quando há problemas de QAI, como nos casos de infecção por legionela. No momento estamos na situação de precisarmos cuidar da QAI, devido à pandemia da Covid-19, e enfrentando escassez de energia, o que aumentam os desafios para projetar sistemas energeticamente eficientes sem comprometer a QAI. Para ajudar nesta equação difícil, na Multivac desenvolvemos o CMM, um sistema de monitoramento e controle para ventiladores que, a partir das medições, pode estabelecer as taxas de CO2 no ambiente, assim como a saturação dos filtros e outros parâmetros, ajustando a velocidade do ventilador e vazão de renovação do ar exatamente na medida necessária, sem superdimensionamento e, assim, atender os parâmetros de QAI com redução do desperdício”, diz Robert van Hoorn, Diretor da Multivac Ventilação.

Para reduzir o risco de contaminação das instalações em operações de manutenção, é fundamental, segundo Dutra, o uso de EPIs adequados. “Luvas, máscaras e óculos de proteção são indispensáveis na troca dos filtros e limpeza dos equipamentos. Sempre que possível realizar os procedimentos em ambientes arejados, tomando cuidado para não contaminar materiais porosos que possam absorver resíduos do procedimento.”

Sensor de CO2 da Sicflux

Mas o técnico deve observar, também, o consumo energético da instalação, conciliando conforto térmico e qualidade do ar com o menor dispêndio energético possível. “Começa pela escolha adequada de equipamentos que atendam à demanda de resfriamento do ambiente interno com a quantidade de ar de renovação necessária, passando, então, pela escolha de equipamentos de alta eficiência e por uma operação adequada. Uma ação simples é escolher temperaturas de setpoint no controle remoto que de fato traga conforto. O objetivo do ar-condicionado não é fazer o ocupante sentir frio, mas sim se sentir confortável. Portanto, em função do tipo de vestimenta e atividade no local, é importante escolher um setpoint mais elevado possível, no caso do resfriamento. É similar ao nosso costume de apagar a luz quando saímos de uma sala. O uso racional do recurso ar-condicionado é com a temperatura certa”, conclui Dutra.

“O uso racional de energia sempre é uma boa ideia e a crise hídrica e de energia que estamos passando só reforça a necessidade do uso consciente de energia. O primeiro passo, ao decidir de como será uma instalação, é calcular bem a carga térmica e pensar se é possível fazer interferências no projeto para reduzir esta carga térmica com brises, isolação térmica, vidros especiais etc. Feito isso, é possível selecionar bem o equipamento sem subdimensionar ou superdimensionar e, assim, evitar desperdício de energia”, recomenda o Diretor da Multivac Ventilação.

Neste sentido, Marcelo Munhoz, diretor da Sicflux, faz algumas recomendações: “Atualmente, o sistema de renovação de ar que mais se adequa, atendendo normas e conforto dos usuários, bem como dispêndio menor de energia, é o sistema de renovação de ar com monitoramento da qualidade do ar, quando o mesmo só é utilizado quando necessário; além de poder utilizar motores do tipo EC, que trabalham atendendo exatamente a renovação de ar necessária para aquele determinado momento e, consequentemente, consumindo menos energia. Além disso, os modelos de recuperadores de calor, além de trabalharem dessa forma, recuperam a temperatura interna do ambiente trazendo economia energética aos sistemas de ar-condicionado na ordem de 68% de recuperação tanto da temperatura como da umidade. Para que todo esse sistema não seja contaminado é imprescindível que tenha acompanhamento adequado do PMOC.”

“Conforto térmico e QAI, em alguns aspectos, parecem opostos quando se fala de consumo de energia, mas em muitas instalações pequenas existe a possibilidade de melhorar a qualidade do ar interno e o consumo de energia partindo de projetos bem dimensionados e usando novas soluções de controle e monitoramento”, conclui van Hoorn.

Veja também:

A responsabilidade técnica pelo PMOC

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