Soluções propostas foram baseadas em estudos e pesquisas dedicadas a soluções de climatização em museus

Os sistemas de climatização que atendem museus voltados à conservação de acervos têm, como desafio, o controle da temperatura e da umidade do ar interno. Isso faz com que seus custos sejam bem mais altos do que espaços com ocupação diferente. Isso acontece porque nos museus a carga sensível interna varia da máxima calculada, nos horários de pico, até zero, nos períodos noturnos, restando apenas os ganhos de calor promovidos pelas fronteiras do recinto beneficiado, uma vez que as cargas internas devido a ocupação, iluminação e equipamentos (tomadas) são zerados nestes períodos, o que dificilmente ocorre em outros ambientes especiais como salas Limpas, CPDs e linhas de fabricação de eletrônicos.

O engenheiro Shin Maekawa (1952-2016), do Getty Conservation Institute, na Califórnia, dedicou um longo estudo sobre soluções alternativas de climatização para museus em países em desenvolvimento, extraindo, daí, estratégias de controle do ar interno. Sua proposta se baseava no conhecimento de que a umidade descontrolada é pior do que uma relativa variação da temperatura ambiente. No Brasil, ele propôs o controle da umidade fazendo apenas reaquecimento, solução aceita para atender às salas de Reserva Técnica (subsolo – semienterrado) do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. O projetista, conhecendo as condições climáticas do Rio de Janeiro, sugeriu o uso de uma unidade split, para servir de balizador do limite superior admissível para a temperatura interna.

A proposta, do mesmo projetista do sistema de climatização do Castelo Mourisco, viabilizou o entusiasmo pela solução de Maekawa e permitiu sua aplicação no Museu de Belas Artes e na Casa de Rui Barbosa que, depois de instalados, passaram pelas análises de seus desempenhos e de seus limites. Ficou então estabelecido como aceitável a variação da temperatura interna para uma faixa de 21 °C a 27 °C, desde que a umidade relativa ambiente se mantenha na casa dos 60% ± 5%. Esses foram os parâmetros aplicados na obra da Fundação Oswaldo Cruz.

Segundo os responsáveis pelo projeto de retrofit do Castelo Mourisco, seu ponto alto é a aplicação de um sistema de automação e controle desenvolvido com o propósito exclusivo de produzir conforto humano, ou, mais especificamente, de controle rígido de temperatura e umidade, em uma edificação onde esse é requisito. No lado do controle há a quebra do paradigma dos algoritmos adotados para controle de umidade. O umidostato liga/desliga o compressor (refrigeração) e o termostato liga/desliga o reaquecimento.

Por outro lado, o projetista já vínha aplicando estes algoritmos de forma inversa, baseado no conceito de que a primeira ação para desumidificar é provocar a redução da umidade relativa do ar, o que é alcançado com o aumento da temperatura deste ar. A ação seguinte é corrigir o efeito da primeira ação promovendo a redução da temperatura de insuflamento, que é o inverso dos resultados alcançados por estes laços de controle.

Para chegar à escolha do sistema VRF com condensação a ar, foram feitas simulações com as alternativas de CAG com condensação a ar e a água, de sistemas VRF também com condensação a ar e a água, tomando por base os perfis de carga de um hotel. O sistema mais econômico foi o VRF com condensação a ar, seguido da CAG a ar, e VRF e CAG com condensação água, nesta ordem.

Por se tratar de uma edificação com aproximadamente 150 anos de existência, e com inúmeros elementos de madeira, onde a brasagem poderia se constituir em risco, a Wap Air propôs a tecnologia de soldagem Lokring.

A maior relevância no planejamento de execução da obra, foi no gerenciamento dos riscos no que tange a preservação dos acervos históricos da biblioteca e elementos decorativos internos do Castelo Mourisco. Para isso, foi realizado um mapeamento dos riscos, sendo uma das principais ações para mitigar os impactos negativos a contratação de uma empresa especializada em restauração de edifícios históricos para remanejar 100% dos acervos contidos na biblioteca para outro local designado pela equipe de preservação do Castelo Mourisco.

O sequenciamento das atividades também foi meticulosamente planejado. Como a obra iniciou no período de pandemia da Covid-19, por motivo de segurança sanitária os profissionais que trabalhavam no Castelinho passaram a trabalhar no regime de home office. Tradicionalmente, obras realizadas em edifícios sem ocupação de pessoas, a produção é bem mais rápida do que obras com ocupação.  Entretanto, no caso do Castelinho, onde existem milhares de acervos históricos armazenados em quase todas as salas onde seria instalado o ar-condicionado, a falta de funcionários da equipe de preservação atrapalharia a produção, tendo em vista que toda atividade deveria ser acompanhada por um fiscal.

Como solução para não impactar no prazo final da entrega da obra, a equipe de planejamento elaborou o cronograma da obra de forma que 100% das atividades fossem realizadas de uma só vez, em um período determinado.  Basicamente, foi considerado acessar cada ambiente no máximo 3 vezes.

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Castelo Mourisco – Fiocruz/RJ
Instaladora: Wap Air Ar condicionado
Projetista: Marcos Soares – Escritório Integrar
Arquiteto: Eliane de Paiva
Empreendedor: Fundação Oswaldo Cruz – Casa de Oswaldo Cruz
Sistema: VRF, com capacidade total de 250 HP e equipamentos especiais controle de umidade e temperatura.

Principais fornecedores

Sistemas VRF: LG
Unidades de tratamento do ar: Trydus
Sistema dedicado de tratamento do ar externo: Sicflux

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