Cada agente pode contribuir para otimizar a execução o custo total e considerar que a melhoria tem um objetivo nobre

 Talvez seja cedo, ainda, para afirmar a percepção dos impactos benéficos provocados por novas diretrizes constantes da NBR 7256 relativa ao tratamento de ar em estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS), dado o curto tempo de validação, agosto de 2021.

Entretanto, vários parâmetros introduzidos certamente conduzirão a uma melhor eficácia e resultados compensadores, majorando a contribuição do sistema de tratamento de ar como aliado do processo médico, apesar do acréscimo de custo operacional face ao incremento qualitativo dos processos.        

Consideramos como principais contribuições a melhoria dos sistemas de filtragem do ar, a exigência de renovação total do ar na recepção da emergência/sala de espera e os procedimentos de Distribuição Avançada de Ar em ambiente protetor (PE) e em ambiente de isolamento de infecções por aerossóis (AII), entre outras.

A proibição de recirculação de ar na recepção da emergência/sala de espera e a manutenção de pressão negativa, com exigência de pelo menos 12 renovações por hora e de filtragem de ar G4 + F8 favorecem a mitigação de aerossóis no ar ambiente e, por consequência, da dosagem de contaminantes biológicos em suspensão no ar, minimizando o risco de contaminação cruzada.

Além disso, os processos de Distribuição Avançada de Ar, insuflando ar limpo junto à zona de respiração dos ocupantes em ambientes PE e captando o ar contaminado junto às fontes em ambientes AII, além das blindagens entre espaços contíguos por diferenciais de pressão do ar conforme a hierarquia asséptica entre os espaços favorecem, grandemente, a melhoria da qualidade do ar interno e a salubridade do ambiente.             

Não dispomos do feedback sobre a atuação dos órgãos fiscalizadores, mas cremos numa atitude responsável e participativa dos órgãos fiscalizadores para cumprimento das recomendações que integram a norma em questão.

Do lado do mercado há preocupação dos contratantes no que diz respeito ao acréscimo de investimento inicial e de operação, que tem resultado em estudos de engenharia de valor, objetivando manter o valor reduzindo o custo.

No entanto, nossa argumentação para convencimento se respalda na consideração de que os benefícios para a saúde – o objetivo fim das instalações hospitalares, devem estar sempre como prioridade, mesmo que resultem em custo adicional. Trata-se de investimento com retorno indiscutivelmente garantido. Esse, a nosso ver, deve ser o posicionamento dos projetistas e consultores.

No que diz respeito aos fornecedores de equipamentos e componentes, percebe-se uma ampliação do espectro de fornecedores e o lançamento e a adequação de produtos com foco especialmente na qualidade do ar interior, notadamente na melhoria dos sistemas de filtragem dos equipamentos, inclusive no âmbito do retrofit de edificações com limitação de espaço para instalações. Admitimos que a ocorrência da pandemia incentivou esse movimento em busca da maximização qualitativa do resultado.

Em relação aos instaladores, esperamos que se constituam em aliados do processo, por serem os responsáveis pelo cumprimento fiel da conceituação e dimensionamento do projeto e que não pratiquem a pregação da dispensabilidade em prol do favorecimento da negociação.

Por fim, cada um dos agentes pode contribuir para otimizar a execução dentro de cada campo de atuação, de modo a reduzir o custo total e considerar que a melhoria tem um objetivo nobre e que traz junto uma expansão do mercado de trabalho em busca do objetivo comum maior.

É fundamental o empenho dos fabricantes na adequação dos produtos aos requisitos da norma, principalmente os de pequeno porte, que são a grande maioria numa instalação hospitalar, pois atendem aos leitos de internação e áreas de apoio.

À instaladora cabe garantir a qualidade da instalação de forma a garantir o desempenho e o resultado que provoque no investidor a sensação de se sentir recompensado pelo investimento feito.

Com respeito aos contratantes, temos comprovado e participado ativamente de vários projetos de retrofit, ampliações e de novos estabelecimentos assistenciais de saúde, priorizando o atendimento das recomendações da NBR 7256, com decisões emanadas de importantes players do ramo do tratamento da saúde, de forma consciente com respeito ao valor do investimento e dos resultados compensadores em relação ao objetivo fim. Esse compromisso é fundamental para a consolidação da Norma no mercado.

O trabalho da consultoria, quando bem fundamentado, permite ao empreendedor escolher entre o melhor e o trivial. Mas é indispensável propiciar-lhes a oportunidade da escolha com subsídios abrangentes, consistentes e confiáveis.

Neste sentido, temos um case especifico no qual todos os envolvidos contribuíram fortemente para a obtenção do resultado pretendido, o Hospital Max Day localizado no RioMar Shopping Recife.Trata-se de uma instalação que atende às recomendações da NBR 7256 e observa aspectos que abrangem os critérios ESG – Meio Ambiente, Social e Governança, por priorizar:

  • A qualidade do ar interno e o conforto térmico;
  • A eficiência energética;
  • A inovação;
  • A praticidade da operação e manutenção;
  • A mitigação de impactos ambientais;
  • O custo-benefício.

Francisco Dantas, Fabiana Dantas e Francisco Dantas Filho são engenheiros e diretores da Interplan Planejamento Térmico

 

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