Combinando uma política comercial ousada com prudência nos investimentos, empresa conquistou a liderança em vários segmentos

Na Febrava de 1989 era apresentado um produto sem dúvida inovador para o mercado brasileiro: os dutos flexíveis. A patrocinadora da novidade era a Multivac, à época uma iniciativa da Artec,instaladora posicionada ao lado das principais do mercado do AVACR nas décadas de 1980 e 1990.A Multivac era licenciada daDEC (Dutch Environment Corporation) – Países Baixos, com forte presença na Europa e capitaneada porTon van Hoorn.Este foi o ano em que, pela primeira vez, Robert van Hoorn, filho de Ton e à época com 15 anos de idade, veio ao Brasil.

O produto logo atraiu a simpatia do mercado, dada a flexibilidade que permitia em instalações de distribuição de ar. Tanto foi que em 1992 a fabricação recebia o apoio de uma nova máquina, a Semidec, que produzia dutos semiflexíveis para ventilação e saída de aquecedores a gás. No mesmo ano, a empresa começou a vender alguns produtos importados, como as bocas de ar Ventidec. A empresa, além disso, ganha dois novos sócios minoritários: o próprio Ton van Hoorn e Otto Paschoal José Visetti.

Embora detentora de tecnologias úteis para a atividade de instalação de sistemas de ar-condicionado e ventilação, a Multivac padecia das mesmas dificuldades enfrentadas pela maioria das empresas brasileiras de pequeno e médio porte, como a alta inflação ealtos juros sobre o capital de giro,agravadas pelo início do Plano Real. Para fazer frente às turbulências, recorreu-se a uma reorganização societária. Em 1995 a Artec sai de cena e entram Antônio Luis de Macedo, apoiado por seu pai, Antônio Carlos Macedo, e cresce a participação de Ton van Hoorn, que passa a ser representado pelo seu filho Robert van Hoorn, além de Visetti.

Macedo e van Hoorn ao lado da máquina do MPU

Ton e Antônio Carlos possuíam seus negócios consolidados, no Brasil e na Europa. Assim, resolveram entregar o desafio para os filhos, Antônio Luís e Robert. No início de 1997 o quadro societário era constituído por Antônio Luís, Robert e Visetti, que permaneceria por pouco tempo na sociedade.

Foi assim que Antonio Luís de Macedo e Robert van Hoorn assumiram o que é hoje a Multivac. “A primeira vez que eu vim ao Brasil foi quando da instalaçãoda máquina de produção dos dutos flexíveis. Eram as minhas férias de primavera e meu pai veio com essa ideia. Eu vim e gostei do país”, diz Robert van Hoorn.

O sangue novo mostrou seus resultados em pouco tempo. Ainda em 1997 foi dado o início à importação de exaustores de banheiro e das juntas flexíveis. Foi lançado, também, o ventilador centrífugo em linha AXC.

A empresa herdada carregava uma série de esqueletos. Havia pendências sobretudo fiscais. O trabalho dos sócios, ainda muito jovens, ambos na casa dos 20 anos recém-começados, contava com a assessoria experiente do Sr. Macedo. “Todos os dias, no final da tarde, meu pai passava na Multivac e conversávamos sobre a condução do negócio. Isso foi muito importante para a consolidação”, diz Antônio Luís.

No ano de 1999, emblematicamente antecipando a mudança de século e equilibrando-se entre prudência e ousadia, os jovens empresários assumiram várias decisões que pesariam na história atual da empresa. Decidiram fazer um experimento com os dutos de PU, importando da Itália um contêiner do produto.No mesmo ano realizaram a mudança da fábrica para Itu e novos investimentos foram realizados em ferramentas para o Muro, exaustor de banheiro, uma máquina para a produção local da junta flexível e uma segunda máquina para dutos flexíveis, produzida no Brasil.Estavam dadas as condições para um crescimento firme e constante.

Dois anos após esse robusto investimento, foi adquirida a máquina de clavoautoadesivo para fixação de isolamento térmico. Para completar a linha, em 2003 foi realizado o investimento em uma laminadora, verticalizando a produção. 2003 foi, infelizmente, também um ano de perda, com a morte de Antônio Carlos Macedo, o valioso mentor de Antônio Luís e Robert.

Aproveitando-se do surto de crescimento econômico iniciado no ano anterior, entre outras coisas ancorado no chamado boom das commodities, a empresa começou 2004 com o pé no acelerador. Foi nesse ano que aconteceu a nacionalização da produção do AXC. Houve, ainda, o lançamento do regulador de vazão constante – KVR, e a aquisição de uma máquina para a produção de fita metalizada. Esse ciclo agressivo de investimentos foi coroado com a aquisição do galpão onde funciona hoje o escritório de São Paulo, na Vila Leopoldina.

Os sócios da Multivac fazem questão de frisar que nenhum dos investimentos, em instalações ou na produção, foram realizados com dinheiro captado no mercado financeiro ou em bancos de fomento. “Investimos o capital produzido pela própria fábrica. Isso nos permitiu, inclusive, arriscar. Se algo desse errado, e todo negócio tem seu risco, não estaríamos colocando em perigo a empresa”, diz Robert.

Foi com esse princípio que, em 2007, novamente com capital próprio, a empresa encomendou a máquina para produção do MPU. Ao mesmo tempo, foi realizada a nacionalização das bocas de ar Ventidec.

Em 2008, num dos seus passos mais ousados, os sócios da Multivac apresentavam ao mercado o MPU, um duto inovador que teve a sua produção iniciada em 2009, em um novo galpão construído na fábrica de Itu.“Foi uma aposta no produto, particularmente se considerarmos que não conhecíamos nada da sua fabricação e sequer a formulação química”, diz Macedo. “Talvez tenha sido a primeira vez na história que alguém monta uma fábrica sem ter um metro do produto vendido”, completa van Hoorn.

O produto imediatamente chamou a atenção. “O fato de ser um produto leve, de instalação fácil e rápida, além de demandar um investimento irrisório por parte do instalador, o MPU logo conquistou seu espaço”, explica Antônio Luís.

O êxito foi tão significativo que, já em 2010, era providenciada a troca da injetora da produção do MPU de baixa para alta pressão, ampliando as possibilidades de utilização de mais componentes. A seguir, em 2013, a empresa lançava o MPU Clean, painel com bactericida, permitindo ainda mais o seu uso em instalações hospitalares.

Consolidado o MPU, quede marca passou a ser identificado com o próprio produto em si, abarcando até mesmo os genéricos, os investimentos voltaram-se para a ventilação. E, em 2015, acontecia o lançamento do CFM, ventilador voltado para a renovação do ar.Segundo o site da empresa, a intenção é oferecer uma solução simples para um problema complexo, com “altura reduzida e baixo nível de ruído”.

Nem sempre a vida das empresas sofre a influência apenas do ambiente competitivo. Também a questão ambiental força as inovações. Assim, em 2016, era feita a “pentanização” da linha de produção do MPU, substituindo o agente expansor 141b pelo pentano, antecipando-se ao phase outimposto pelo Protocolo de Montreal que previa a eliminação total do 141b em 2020.

No ano seguinte, em mais um passo para diversificar a linha de ventilação, era lançada a caixa de ventilação CVM, com 2 ou 4 motores, filtros e altura reduzida. “Nossa intenção é sempre lançar produtos de linha que possam, também, atender às necessidades específicas da instalação. Por isso a opção de 2 ou 4 motores”, diz Antônio Luís.

O investimento na linha de ventilação continuou com o lançamento, em 2019, da linha VXM, ventiladores de maior porte e equipados com motores eletrônicos de acoplamento direto.

Não é razoável deduzir que os investimentos na ventilação tenham provocado uma retração na linha de dutos em painéis pré isolados. Recentemente foi feita a ampliação da linha de produção do MPU e investimento na evolução dos sistemas de aquecimento para dar maior controle ao processo produtivo.

Para o futuro, van Hoorn e Macedo projetam um aumento de participação nos nichos de mercado que disputam. “Temos feito investimentos continuamente. Mostra disso foi a ampliação e atualização da linha do MPU. É nossa intenção fazer melhorias contínuas na linha de ventilação, aperfeiçoando as linhas atuais e investindo em novos produtos”, afirma van Hoorn.

“A ideia é essa. Já temos várias linhas que devemos melhorar e consolidar, além de mostrar com mais ênfase suas qualidade e potencialidades. Se surgirem novos produtos para novas aplicações, sem dúvida estaremos prontos para investir em seu desenvolvimento”, completa Macedo.

Para assistir a entrevista completa e conhecer a linha de produção do MPU acesse

https://www.youtube.com/watch?v=4AZQ6rgHUj4&t=8s

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