Em alguns casos, na prática de rotina de obras que trabalham com menor organização ou prazos limitados, vale o prazo de fabricação e entrega dos equipamentos pelos fabricantes

A qualidade do ar de um ambiente interno é o resultado de um processo que envolve a substituição (ou troca) do ar e sua limpeza por meio de filtragem. A quantidade de trocas, que determina o volume de ar aplicado ao ventilador, é função do número de ocupantes e da atividade desenvolvida em cada caso, afinal, uma pessoa realizando exercícios pesados em uma academia consome mais ar que outra em condição de atividades de escritório. A seleção da filtragem, por sua vez, depende da condição de sujidade no ar externo que será limpo antes de ser insuflado no ambiente e da geração de sujidade interna no ambiente.

Existem normas que orientam tecnicamente como os dois fatores apresentados devem ser considerados para alcançar a vazão dos ventiladores e tipo de filtros. A NBR 16401, principal norma de assuntos voltados para ar-condicionado e conforto térmico no Brasil, terá sua versão atualizada publicada ao longo de 2024 e trará formatos mais detalhados para obter os resultados. Possuindo estas informações, a seleção dos ventiladores passa a depender de condições de limitações da instalação, como nível de ruído máximo permitido, espaços disponibilizados para posicionamento de equipamentos e para acessos à manutenção.

A escolha do tipo de ventilador é uma consequência de alguns objetivos a alcançar: quantidade de vazão (ou volume de ar), força aplicada (ou pressão) necessária para vencer a rede de dutos de distribuição de ar, espaços disponíveis para instalação dos equipamentos, nível de ruído máximo permitido, tempo de vida útil estimado ao sistema, disponibilidade de tensão e fases na obra, potência (ou energia) máxima consumida, exigência de um tipo de construção conforme norma ou aplicação (exemplo: em cozinhas é obrigado usar exaustores limit load) e, claro, custos envolvidos.

Em alguns casos, na prática de rotina de obras que trabalham com menor organização ou prazos limitados, todos os critérios anteriores para escolha do ventilador podem ser deixados de lado e vale apenas o prazo de fabricação e entrega dos equipamentos pelos fabricantes ou distribuidores. Esta não é uma condição ideal para garantir a melhor aplicação de ventiladores, mas ocorre em com certa frequência.

Alcançar um baixo consumo energético envolve selecionar corretamente o tipo de ventilador e de motor elétrico.  Existem três tipos de ventiladores: axiais, centrífugos e especiais (que são versões com montagem um pouco diferente dos dois primeiros). Os ventiladores axiais tendem a operar em uma condição de baixo rendimento energético devido ao formato de suas pás em hélices, por isso, para obter melhores níveis de consumo, é necessário utilizar hélices em formatos aerodinâmicos (airfoil) ou com variação de angulações. Os ventiladores centrífugos, por sua vez, dispõem de uma sériede modelos de pás de rotores, onde cada uma possui sua especificidade. Ao final, todos os tipos de ventiladores apresentam uma região de operação (vazão e pressão) na qual o consumo é reduzido; basta o projetista ter ciência de como alcançar essa faixa de aplicação e as condições de instalação sejam adequadas. O principal inimigo da economia de energia é a falta de espaço, que obriga os ventiladores a operarem em alta rotação, elevando o consumo.

Além disso, há disponibilidade de motores elétricos mais eficientes. Motores de indução de corrente alternada, que são os modelos mais comuns em diversas aplicações, possuem classificações de rendimento. No Brasil, utiliza-se em larga escala os motores IR3, mas existem também IR4 e IR5, que são ainda mais eficientes. Da mesma forma, também se aplicam motores EC (eletronicamente comutados), que é uma tecnologia bem mais recente e que garante melhor uso da energia. Na Febrava de 2023, a Sicflux apresentou ao mercado brasileiro a aplicação de um motor EC em que o estator de cobre é substituído por placas de circuito impresso com imãs permanentes. Esta é uma tecnologia semelhante aos mancais magnéticos utilizados em Chillers, que resulta em um excelente rendimento energético.

Conforme indicado anteriormente, o melhor rendimento energético depende de uma boa seleção do ventilador, atentando-se para as especificidades de cada tipo, e da disponibilidade de espaço na obra. O nível de ruído depende destes fatores da mesma forma, a principal diferença é que mesmo que o equipamento seja um emissor de alto nível de ruído, existem também estratégias de atenuação por meio de atenuadores no duto ou no próprio equipamento, como isolamento com mantas de diversos materiais. Este procedimento é favorável principalmente para gabinetes.

Carlos Santos Jr. é engenheiro de aplicação na Sicflux

 

 

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