Almeida França Engenharia foi responsável pela obra que rendeu ao Banco Interamericano de Desenvolvimento a certificação LEED NC

Edifício-sede do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Brasília (DF)

Localizado em Brasília, o edifício-sede do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) possui três pavimentos e foi construído em 1996. Implantado em uma área de aproximadamente 7.000 m², tem 2.709 m² ocupados pelos escritórios, sendo que área reformada foi de, aproximadamente, 3.200 m², incluindo serviços internos e externos. O projeto de reforma explorou espaços abertos, de modo a favorecer um maior contato do usuário com o entorno. Os ambientes foram reconfigurados para atender à acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência, de acordo com o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Foram criadas novas vagas para estacionamento e bicicletário. Toda a obra foi executada com a edificação em pleno funcionamento, o que exigiu a adoção de estratégias para atenuar os efeitos desconfortáveis. Entre as medidas adotadas, foram utilizadas estruturas temporárias para abrigo de parte do efetivo local, com a locação de contêineres. Toda a infraestrutura foi modernizada, incluindo redes de dados e voz, instalações elétricas, hidrosanitárias, CFTV, som ambiente, detecção e alarme de incêndio, combate a incêndio, ar-condicionado e automação. Os sistemas eletromecânicos foram redesenhados para acomodar a configuração de espaço aberto mediante a centralização dos serviços e sistemas de gerenciamento do edifício, além de visar o conforto térmico e sonoro.

Sistema de ar-condicionado

A Almeida França Engenharia foi responsável por toda instalação do sistema de ar condicionado existente, modificado de acordo com a reforma interna, e conforme as especificações e projetos. Para os blocos A e B, a central de água gelada era existente (chiller 1), com sistema primário-secundário de bombeamento, sendo o primário no circuito interno da CAG e o secundário para cada bloco, retornando ao barrilete principal para refazer o ciclo.

Para a atualização, o chiller 1 foi substituído, devido ao estado insatisfatório do equipamento à época, sendo instalado um novo chiller de condensação a ar, com compressores scroll inverter e fluido R410A da Trane. Completando as alterações da CAG, foi substituído o tanque de expansão, instalando-se um novo tanque de membrana, conforme especificado.

Para o bloco C existia um chiller dedicado (chiller 2), com bombeamento interno, em circuito independente da CAG principal, herança de uma ampliação do sistema em época anterior. As unidades de tratamento de ar existentes não foram substituídas, já que estavam em bom estado operacional, sem vibrações ou ruídos. As redes de dutos de insuflação foram desmontadas, transformando de volume de ar variável (VAV) para volume de ar constante (VAC).

Para o bloco D, composto por duas salas, uma no térreo (denominada SUM) e outra no primeiro andar, foram instalados novos sistemas VRF com R410A. Na sala, anteriormente servida por dois splitões de 10 TR cada, foram mantidos os dutos de insuflação e retorno, e substituídos os conjuntos de evaporadores e condensadores por um sistema VRF composto de dois evaporadores para dutos, de 10 HP, e mais a condensadora. Para a nova sala do andar superior, foi instalado um sistema VRF com evaporadores cassete de quatro vias. A condensadora foi somada às outras do andar térreo, de modo que o sistema de três condensadoras de 10 HP agora alimenta os dois andares, possibilitando considerável proteção de backup do sistema. Os principais equipamentos introduzidos foram: três condensadoras de 10 HP, modelo 4TVH0096; duas evaporadoras, modelo DXPA10 com caixa de mistura do sistema VRF; um chiller modelo CGAM 070; VRF modelo TVR II; oito evaporadoras do tipo cassete de quatro vias modelo 4TVB0015. Todos os equipamentos foram fornecidos pela Trane.

Respeito às normas

Durante a fase de concepção dos projetos e execução das obras houve respeito a toda a legislação local aplicável, bem como as recomendações do International Building Code (IBC), do National Electrical Code (NEC), do Life Safety Code (NFPA 101), da ASHRAE, da EPA e da SMACNA. Durante as obras foi garantida a execução dos projetos conforme os princípios de sustentabilidade exigidos pela certificação LEED, particularmente no referente às práticas de prevenção da poluição, gestão de resíduos, armazenamento de materiais no canteiro de obras e qualidade do ambiente interior. As atividades que necessitaram de movimentação de terra (escavações e bota fora de materiais) foram controladas, de modo a evitar o carreamento de sedimentos para as vias adjacentes, com a lavagem das pistas de rolamento e a cobertura do material com lonas plásticas. Todas as árvores próximas às áreas de atuação das obras foram devidamente protegidas. Os materiais adquiridos obedeceram, em sua grande maioria, ao quesito da regionalidade. Grande parte dos resíduos da construção, provenientes das demolições, foi desviada dos aterros sanitários, através de parcerias mantidas com empresas recicladoras de materiais, com o descarte controlado. Estes materiais eram armazenados em baias próprias e identificados, evitando o contato direto com o solo. Para todo o descarte de material foi emitido, pela empresa encarregada do transporte, o Controle de Transporte de Resíduos (CTR), com registros das quantidades de material transportado e a destinação adequada dos resíduos coletados. Na fase da limpeza pós-obra, equipe especializada foi contratada, que utilizou produtos específicos para a limpeza de cada revestimento utilizado na obra, como produtos biodegradáveis. Visando a redução dos problemas da qualidade do ar interno, medidas foram adotadas durante a construção, visando à promoção de conforto aos colaboradores que trabalharam na obra e aos ocupantes do edifício, como a varrição úmida das áreas de trabalho, aspiração das superfícies, diminuindo a suspensão de partículas provenientes da limpeza a seco e proliferação de mofo. Como controle das fontes de emissão tóxica e dos poluentes, os produtos adquiridos pela construtora foram de baixa emissão de COV. Além da devida estocagem, os materiais eram isolados, protegidos, identificados e expostos em ambientes com ventilação natural. Atenção especial foi dada aos equipamentos de climatização instalados, com o máximo de assepsia do ambiente de instalação, evitando a contaminação do ar interno. As atividades com altos níveis de ruído e de emissão de poluentes foram conduzidas fora do horário de expediente do BID, em períodos noturnos e finais de semana.

O paisagismo adotado seguiu a adoção de espécies nativas, com uso eficiente de água para irrigação. Atenção especial foi dada às redes e tubulações existente na área de intervenção, bem como às caixas de inspeção de esgotos. O sistema hidráulico concebido destinou-se a racionalizar a distribuição de água potável da instalação existente. Foram reaproveitadas as instalações existentes em toda a edificação. A principal modificação foi a substituição das louças e metais, visando a redução do consumo de água potável. Todas as torneiras de lavatórios foram substituídas por modelos de fechamento automático, com acionamento por pressão-temporizada. As válvulas de descarga foram substituídas, de modo a garantir economia e maior aproveitamento de água.

O sistema de distribuição elétrica foi desenvolvido, de modo a atender às exigências para certificação LEED, especialmente no que se refere às tensões admissíveis, garantindo a otimização da performance energética. Visando a redução das ilhas de calor, foi utilizado na cobertura do edifício produto com altos índices de refletância solar.

FICHA TÉCNICA

Arquitetura e Coordenação Geral: Arq. José Galbinski

Ar-condicionado e ventilação: Eng. Arnaldo Severiano de Araújo Filho

Automação: Eng.º Robson Fernandes

Instalações prediais: Eng. Alencar Costa Jr

Estrutura e fundações: Eng. Eduardo Azambuja

Paisagismo: Arq. William Stanley Pond

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