Entendo que os HFOs seriam os substitutos dos HFCs, porém apresentam características que dificultam sua aplicação, como o alto preço, indisponibilidade no mercado e dúvidas que ainda persistem sobre o impacto do produto no meio ambiente, além do fato de terem classificação A2L. Se avaliarmos todos estes fatores e definirmos que a disponibilidade no mercado e o impacto ambiental são preponderantes sobre os demais, chegaremos à conclusão que os fluidos considerados naturais, como o Propano (R290), CO2 (R744) e Amônia (R717), possuem qualidades superiores aos HFOs e seriam eles as alternativas para substituição dos HFCs, como está se efetivando no mercado brasileiro de refrigeração comercial, onde o Propano e o CO2 já estão presentes em milhares de estabelecimentos do varejo alimentar. Estas são soluções à prova de futuras restrições que os fluorados ainda possam sofrer, além das atuais definidas pelos Protocolos de Montreal e Emenda de Kigali.

Propano, CO2 e Amônia são similares quando comparados sob o prisma de impacto ambiental, além de possuírem baixíssimo ou nenhum índice de GWP e terem um custo de aquisição extremamente baixo quando comparado aos HFCs e HFOs. Fora estas similaridades, cada qual possui outras características muito bem definidas que regem os projetos de sistemas de refrigeração que os utilizam: inflamabilidade, altas pressões e toxidade. De forma generalista, Propano, CO2 e Amônia seriam recomendados para aplicações em sistemas de refrigeração de baixa capacidade (< 100 kW), média e alta (100 – 1.000 kW), e muito altas (> 1.000 kW), respectivamente. De qualquer forma, cada projeto demanda análises específicas, que vão além da capacidade final do sistema de refrigeração, exigindo-se uma avaliação criteriosa para a escolha do fluido correto.

Estes 3 fluidos refrigerantes possuem características que são determinantes para definições de projeto e que estão diretamente relacionadas à segurança operacional. O Propano é um fluido inflamável, o que demanda projetos específicos para garantir que o risco de incêndio ou explosão tenda à nulidade. O CO2, e suas altas pressões de trabalho, vai exigir conhecimentos de dimensionamento de tubulações e componentes diversos, além da previsão de sistemas de alarme e ventilação que permitam segurança caso haja o vazamento deste em ambientes fechados. A Amônia, em função da sua toxidade, demanda total atenção às possibilidades de vazamento, exigindo-se precauções e procedimentos de trabalho que mitiguem o risco oferecido.

Entendo que o que nos trouxe ao patamar onde nos encontramos hoje foi a demanda por escolhas sustentáveis e ambientalmente corretas. Então, as emissões equivalentes e a eficiência energética dos fluidos refrigerantes são fatores de fundamental importância na execução de um projeto de refrigeração, porém, a segurança operacional deve ser outro fator preponderante, já que tudo o que fazemos tem por finalidade a qualidade de vida do ser humano. Cabe à engenharia conciliar todas estas questões e oferecer soluções que atendam todas estas necessidades.

 

 

 

 

 

 

 

Rogério Marson Rodrigues,
Gerente de Engenharia da Eletrofrio Refrigeração

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